As marchas pelas ruas, as pautas nos
cartazes, nos coros, nas pichações, nas faixas durante este junho
extraordinário, fez com que a massa da população brasileira começasse a
identificar em muita gente sua insatisfação com questões da política, da
corrupção, dos investimentos na copa do mundo, dos preços no supermercado, da
violência do cotidiano, das filas e falta de leitos na saúde e perceber a força
da mobilização coletiva.
O menor índice de desemprego da história,
as potentes políticas de investimento em infraestrutura e de impulsão do
desenvolvimento, nos defendendo da crise mundial; as novas vagas de ensino
técnico, na Universidade, até no exterior - ao lado da vasta política de
erradicação da miséria - longe de acomodar, se mostraram mobilizadores por mais
cidadania, probidade dos representantes e qualidade das políticas públicas
Assim como as insatisfações sobre as
políticas públicas estavam diluídas, fragmentadas, gerando nas pessoas a
sensação de impotência; a falta de acompanhamento e compreensão clara do
sistema político, das estruturas de poder, produz a mera rejeição da política
de forma geral.
Apresentado pela presidenta Dilma
como uma das respostas às manifestações das ruas, o plebiscito poderá ser o
grande instrumento político pedagógico que proporcionará a reflexão em massa
pela população brasileira sobre o contrato social construído até aqui; e porque
dirá de forma inequívoca, o que e quanto espera o povo de seus representantes
no Congresso Nacional de mudança do marco legal para que este contrato avance.
Ao instituir a pergunta, o Congresso
e a Presidenta empoderam a resposta. Perguntar faz o cidadão perguntar-se e
perguntar aos demais. Ao ser consultado, o povo sai das redes e das ruas para a
produção de novos marcos legais. Ao perguntar, o Congresso se põe em análise,
se torna em alguma medida permeável, deve reagir à resposta. Mas será preciso
“cortar na carne” para ser para valer. Perguntar sobre a possibilidade de
reeleição indeterminada de mandatos parlamentares, por exemplo, mesmo que isto
signifique renunciar a ele. Perguntar sobre a eficiência do sistema bicameral,
correndo o risco do povo rejeitá-lo, se não for convencido do contrário.
Crise de representação resolve-se
devolvendo ao representado sua condição de definidor da representação. Mais
democracia para reinventar a democracia: a que vai levar o Brasil ainda mais
longe em sua marcha que já produz justiça social e cidadania!
Sofia Cavedon – vereadora do PT em
Porto Alegre
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