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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
O Cais do Porto não está à venda
Publicado no Jornal do comércio em 04 de janeiro de 2010.
O projeto de revitalização da área do Cais do Porto, deveria responder ao anseio e necessidade da cidade de ampliar sua relação com o Guaíba e ativar o potencial turístico e econômico daquele precioso patrimônio cultural.
Para que isto se efetivasse, fazia-se necessária a destinação de áreas públicas
para que o cidadão porto-alegrense tivesse condições de desfrutar as belezas
naturais que por tanto tempo ficaram escondidas atrás do muro da Mauá. Ora, a
lei votada retira a obrigatoriedade de reserva de áreas para o sistema viário e
equipamentos públicos, tornando toda a área privada. Como, então a população
terá acesso? Apenas se consumir ou se pagar? Emendas que corrigiam esta
previsão não foram aprovadas pela maioria da base do governo.
A essência do projeto, na verdade, visava tornar a área o
mais rentável possível para a venda.
Deve ser por isto que na área ao lado da Usina do Gasômetro, ficou possível a edificação de prédio de 11 andares, com ocupação de 90% da área, atingindo a ambiência desta que é símbolo de nossa cidade – ao invés do parque que emenda derrotada propunha! Autorizou-se o aterro do rio, terminando com as reentrâncias do local. Ora, trata-se de área de preservação permanente e do bem estratégico mais precioso de Porto Alegre: o manancial de águas do Guaíba. Portanto não pode ter sua área reduzida. Além do mais, aquelas reentrâncias são elementos de valorização, pela beleza que concede à paisagem. Aliás, o projeto retirava a exigência de recuos de jardim, o que repusemos com emenda!
Mas o prefeito foi mais longe: tentou propor o uso residencial, mesmo contrariando a decisão da cidade na recente Consulta Popular! Emendas vetando este uso garantiram o caráter de cem metros de altura – o dobro da máxima praticada na cidade!.
Emendas aprovadas indicaram a continuidade da Feira do
Livro, espaço para a Universidade Federal, para o artesanato, a educação
ambiental, a conexão com o Camelódromo e o transporte fluvial. Teremos que
garanti-las!
Até nas áreas abertas entre os Armazéns, que permitem a
vista da paisagem do Guaíba, concedendo charme e atratividade à área, o projeto
prevê construção! E perto da rodoviária, a construção de prédios de mais de 30
andares. Altura que extrapola a máxima praticada na cidade e de impacto
negativo tanto para o trânsito, a infraestrutura, o esgotamento sanitário
quanto na interferência na paisagem de Porto Alegre.
Em vez de mega empreendimentos, atraídos a custa de agressões ao nosso patrimônio, quem sabe valorizamos nossos empreendedores locais e privilegiamos o acesso público para a fruição da belíssima paisagem que o Guaíba nos proporciona? Qualidade de vida não está à venda e ela deve orientar o desenvolvimento de Porto Alegre!
Em vez de mega empreendimentos, atraídos a custa de agressões ao nosso patrimônio, quem sabe valorizamos nossos empreendedores locais e privilegiamos o acesso público para a fruição da belíssima paisagem que o Guaíba nos proporciona? Qualidade de vida não está à venda e ela deve orientar o desenvolvimento de Porto Alegre!
Sofia Cavedon – Vereadora PT/PoA
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