segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Computador como lápis

Artigo publicado no jornal Zero Hora de 03 de dezembro de 2012.
           
Realidade ampliada, QR*, conectividade, laboratório sensorial, robótica, multimeios, fotografia, vídeo, músicas, pesquisa, chat, agenda, videojogos... expressões que se ouve de crianças e adolescentes uruguaios inseridos no mundo virtual pelo chamado Plano Ceibal, deixaram de ser alheias à escola, invadiram-na e transformam a secular sala de aula! Por decisão política do Uruguai, que tornou o acesso a tecnologia um direito, esta entrou em definitivo para a escola e na cultura do país. Ceibal, porque o Ceibo “es un arbor “ típico do país, simbólico de sua identidade e cultura. Ceibalitos, os pequenos computadores. Denominações que mostram que se trata de afirmar sua identidade no mundo, não diluí-la na nova inclusão em massa na conectividade mundial!
           
Uma tarefa titânica que ousaram por em curso e que, decorridos cinco anos do início do projeto, resulta em mais de 500.000 computadores nas mãos das crianças e jovens das escolas públicas e nos centros comunitários. Ainda que vestidos com as túnicas brancas e laço no pescoço, acreditem, os alunos estão vivendo processos de aprendizagem novos e a produção do conhecimento está mudando.
           
É bem verdade que apenas acelerar o acesso à informação e o domínio da tecnologia não será resposta para o desafio de qualificar a educação, que a escola precisa produzir uma mudança epistemológica. Mobilizar a construção do conhecimento a partir das questões reais em que vive o estudante, integrar as diversas áreas para compreender os fenômenos, compreender os processos históricos, geográficos, sociais a partir da leitura de seu mundo, dos movimentos da arte, da filosofia, da política, exige uma transformação tal do processo de ensino/aprendizagem, que um computador na mão de cada professor e cada aluno, tornou-se básico. Superar o anacronismo crônico da escola é compromisso de quem exige mais respostas da educação como estratégia para o desenvolvimento de uma nação!
           
O Uruguai entendeu isto e aposta alto. O MEC iniciou o processo no Brasil, ainda de maneira tímida e absolutamente insuficiente. O Rio Grande Sul já está integrando-se nessa transformação com o Programa Província de São Pedro – que iniciou um projeto piloto nas cidades de Bagé e Livramento, disponibilizando um computador por aluno – projeto que deverá ganhar volume e acender nas prioridades de governo, articulado com o profundo debate pedagógico e processo de formação de professores que colocou em curso! Que cresça e revolucione!


Sofia Cavedon – Vereadora PT/Porto Alegre

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