Nunca os
professores estiveram tanto na berlinda. Responsabilizados pela baixa qualidade
da educação pública, acuados pela indisciplina e violência dos alunos,
tensionados pela necessidade de uso das novas tecnologias, sem tempo e recursos
para preparar-se.
São,
talvez, a parte mais frágil neste tempo de educação como direito de todos,
quando a classe popular acessou a escola em massa e a estrutura dela não se
qualificou. Tempos em que o conhecimento se complexizou, altera-se rapidamente
e não explica os problemas, nem faz sentido e motiva os estudantes, se não for
tratado de forma interdisciplinar, a partir da realidade e em diálogo com os
saberes deles. Exige do professor, da professora, uma formação que não teve na
faculdade, que não tem em serviço e sem suporte material e tecnológico para
ensiná-los.
Continuamos
literais, fragmentados, livrescos, seriados, em filas, em ordem. Os estudantes
imagéticos, internéticos, em rede, em grupos, exigentes de sentido para a
escola, carentes de autoridades que respeitem e aprendam pelo exemplo.
O processo
capitalista tem pressa, precisa de mão de obra, as obras precisam de operários
dóceis. Acuada, a sociedade quer menos jovens nas drogas, menos crimes, menos
acidentes de trânsito. Assustados, os ambientalistas pedem educação para a
sustentabilidade... Confusos, os estudantes querem voz, precisam da arte para
se entender, precisam de espaço para falar, precisam de sonhos para se
envolver!
Psicólogos,
economistas, jornalistas, advogados, arriscam análises, filosofam teorias,
propõem métodos. Quase todos chegam à conclusão que falta avaliação,
verificação de dados, responsabilização de alunos e professores. Querem
resultado!
Ser humano
diante do humano, imprevisível, dotado de vontade, livre, portanto desafiador,
lá vai o professor todo o dia para uma aventura! Fazer com que o aluno queira
aprender é a primeira, mais difícil e indispensável tarefa a obter êxito. Sem
isto, a aprendizagem não acontece. Sem ela, não há ensino! Este processo não é
medido nos testes, não tem preparo que dê conta, exige uma aprendizagem
permanente, energia renovada, troca intensa. Nada é rotineiro ou simples para a
professora e para o professor eficaz! E todos os professores assim o querem
ser!
Incluamos,
então, nas homenagens deste dia 15, um pedido de desculpas aos professores, por
exigirmos sem investir, por avaliarmos sem incluí-los, por saber das lacunas e
não preenchê-las, por julgá-los e nos desresponsabilizarmos, por sabê-los
fundamentais e não valorizá-los com salário e condições dignas de trabalho!
E vamos
trabalhar com ele, com ela a pequena tarefa a que se dedicam: a construção de
humanidade!
Sofia Cavedon - Vereadora PT/PoA
Porto
Alegre, 15 de outubro de 2012.
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