Talvez seja esta a melhor síntese que se possa fazer, à
guiza de balanço do ano escolar que finda. As mais diversas formas de provocar
o alargamento das fronteiras culturais e humanas dos estudantes - é a reflexão
e a prática cotidiana de professores. Estimulam e apostam na aprendizagem da
leitura e da escrita, no desenvolvimento da lógica, na reflexão e construção de
alternativas sustentáveis para o meio ambiente, na construção da identidade e
do pertencimento. Podemos afirmar sem medo de errar, pelo que vimos na Caravana
das Boas Práticas Pedagógicas, que levou o Parlamento a circular nas escolas
públicas.
Mágico e emocionante foi encontrar a literatura, a música,
as artes plásticas dentro da sala de aula. Romero Britto, Van Gogh, Mario
Quintana; o cinema, a robótica, a fotografia; as bandas, os jogos pedagógicos,
passeios, teatro; as mostras de trabalho, hortas, os livros das produções dos
alunos; a capoeira, a dança, a orquestra; as famílias envolvidas no processo de
aprendizagem.
Parece óbvio que estas atividades devam estar na escola!
Porém, a análise repetida por articulistas, muitas vezes reduz a riqueza dos
processos educacionais que as escolas colocam em curso, à relação quadro-giz,
aos conflitos professor-aluno. Com isto, induzem a sociedade a responsabilizar
exclusivamente os professores pelos baixos indicadores, atenuando o impacto dos
aspectos estruturais e sociais que neles interferem.
Encontramos a pesquisa, a docência compartilhada, a
Matemática aplicada; a escola pública fazendo rupturas com o modelo que
ensinava a todos igualmente, lógica que privilegiava os já privilegiados, que
naturalizava o fracasso de muitos! Imbuída de sua função de garantir o direito
à educação a todos, insiste com a inclusão, perseguindo o desenvolvimento de
cada aluno, na sua singularidade; investe nas relações solidárias, na
aprendizagem com o outro, no avanço coletivo dos grupos. Insiste em resgatar os
que faltam muito à aula, em valorizar os pequenos esforços, em alcançar as
melhores experiências, mesmo que o esgoto esteja a céu aberto na porta da
escola, que o muro não exista, que os funcionários para limpeza sejam poucos ou
que a biblioteca não tenha quem abra e coordene. Reinventa os estímulos à
aprendizagem, mesmo com pouco tempo para a formação e o planejamento, mesmo com
salários baixos.
Diferente do que muitos acham, as escolas estão abertas à
reflexão e à mudança, são inquietas e corajosas. Movem-se por desafios e
debates pedagógicos!
As sementes e brotos de uma escola emancipatória e de
qualidade estão aí, é tratar de fazê-las crescer, com investimento e diálogo!
Então, que sejam boas, as merecidas férias!
Sofia Cavedon, vereadora/PT e presidente
da Câmara Municipal de Porto Alegre.
23 de
dezembro de 2011.
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