SOFIA CAVEDON: Presidente desta Casa, Ver. Professor Garcia, neste primeiro mês, quero parabenizá-lo e dizer que conte com a Bancada do Partido dos Trabalhadores para todas as ações que vierem aprofundar a democracia e atender a sociedade com mais presteza. Nós temos certeza que os rodoviários pedem respostas muito mais complexas e sérias das que nós vimos até então colocadas na cidade de Porto Alegre numa greve que já dura oito dias. Por que digo que querem respostas mais complexas e sérias? Primeiro, porque a greve inicia num acordo, aparentemente, como historicamente acontecia, com a ATP, a Associação dos Transportadores. O próprio Prefeito se manifesta nesse sentido. A tranquilidade do início da greve nos dá essa ideia. Enganou-se quem achava que seria como das outras vezes: uma pequena mobilização, um acordo sobre o aumento da passagem e terminaria a mobilização dos rodoviários. Mas o contexto é outro, senhores e senhoras.
O Brasil inteiro debateu e se levantou em relação ao transporte público - neste País que faz inclusão social, que leva os jovens para a universidade, que tem 5% de desemprego -, que virou o grande drama do trabalhador. O trabalhador, nas grandes cidades, demora horas se deslocando para o trabalho, porque as grandes cidades também estabeleceram a lógica da exclusão, da moradia do mais pobre longe do Centro; portanto, há necessidade da moviment
ação da massa de trabalhadores nas suas cidades. Os trabalhadores, os jovens vêm se manifestando por melhoria e qualidade do transporte público.
Por outro lado, durante todo o ano passado, a comissão dos rodoviários pararam em vários momentos, junto com a mobilização nacional, mas também houve paradas específicas da Carris em função da sua gestão, que foi muito desastrosa, infelizmente. A Carris está com déficit, com prédios inacabados. A comissão dos rodoviários ensejou paralisação. A tentativa de demissão de funcionários, a falta de banheiros adequados para os rodoviários; a falta de ar-condicionado; a queda da qualidade dos ônibus; a terrível exposição dos rodoviários; a pressão da superlotação - tudo isso organizou os rodoviários de maneira diferenciada. Hoje, eles têm uma autonomia que não é autonomia, que não é a lógica de um sindicato que muitas vezes era pelego e servia para reajuste da passagem. Portanto, as respostas têm que ser mais complexas.
Na semana passada eu acompanhei a reunião de negociação no TRT e me espantei, porque a Prefeitura apenas enviou técnicos para acompanhar, não investiu na negociação. E era o quarto dia de greve, e dia de greve geral, todos os ônibus tinham ficado nas garagens. A ATP, que viu que não ia levar do jeito que sempre levou, foi para lá com a arrogância de dizer que só negociaria quando todos os ônibus estivessem na rua, trabalhando. É óbvio que os rodoviários, em plena mobilização, no topo da mobilização, sem nenhuma negociação, não iam aceitar as imposições da ATP.
Então, senhores, não basta a pressão do dia seguinte, da sexta-feira, em que o debate era só: por que a Brigada Militar não abre os piquetes? Este era o debate do dia inteiro da sexta-feira. Não, o Governo do Estado foi firme nesse sentido. Isso é uma negociação salarial, não tem crime, ilegalidade; agora, tem prejuízo para a população de Porto Alegre.
As pautas dos rodoviários são pautas importantes. A tarefa desta Casa, para dar conta dessas pautas, a relação do custo do transporte com o salário digno, são pautas que dependem de maior transparência e de controle de gestão da Prefeitura. É por isso que estamos insistindo que a Casa faça a sua parte. E já está tendo boas iniciativas, Presidente - eu quero elogiar - de diálogo, mas precisamos encaminhar novos instrumentos para ter controle sobre a gestão e o custo da passagem em Porto Alegre, para a Prefeitura ter controle, para a população ter controle dessa gestão. A nova licitação tem que sair num mês. Esta Casa precisa organizar um trabalho de estudo, de acompanhamento para compor a nova licitação, já com novos mecanismos de controle; E esse é o nosso projeto, uma das contribuições que o PT trouxe a esta Casa, que é o fundo público, a bilhetagem pública, um Comtu mais equânime.
Nós estamos propondo 36 horas de trabalho. A jornada de trabalho, os tabelões, 40 horas, tudo é impraticável para motoristas e cobradores. Está na hora de transformar a sua vida um pouquinho melhor e maior dignidade, e não teremos greves dessa natureza e desse tamanho, prejudicando tanto a cidade de Porto Alegre.
(Não revisado pela oradora.)
Fonte: Portal da CMPA.
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