Alguns anos de experiência de ProJovem, resultados ínfimos e de qualidade questionável, denúncias de desvio de recursos e desorganização, de alto índice de evasão dos alunos e fechamento sistemático de turmas, devem ser sinais suficientes para qualquer gestor perceber que a proposta do ProJovem, como está, não atende aos objetivos a que se propôs: atrair jovens entre 18 e 24 anos, que não concluíram o Ensino Fundamental, para o retorno às aulas. Política fundamental quando o país anuncia o pleno emprego, vivendo em algumas regiões apagão de mão de obra, e nem metade da juventude brasileira chegou ao Ensino Médio!
O ProJovem tem um equívoco original: uma política de
escolarização da juventude num sistema paralelo às redes educacionais
existentes. Recursos importantes que vão
para a estruturação de aulas desde a contratação de professores, de espaços,
alimentação, logística, assessoria, coordenação, bolsas, tudo através de
empresas, Ocips, fundações privadas, em processos frágeis e difíceis de
qualificar: vagas pela mídia, relação
desprovida de vínculos, de possibilidade de resgate do aluno que começa a
faltar, materiais didáticos afastados da realidade, educadores sem conseguir
qualificar sua prática, replanejar ações por não constituir comunidade escolar.
Resultado: dados do Rio Grande indicam em torno de 70% de evasão, e há maiores
no Brasil!
Ora, a Educação de Jovens e Adultos, estabeleceu-se no
país resistindo ao veto que a deixou fora do Fundef,
estando agora incluída no Fundeb - financiamento da Educação Básica.
Em Porto Alegre está organizada em quase 40 escolas municipais e em algumas
estaduais, com professores concursados, formação permanente, proposta
pedagógica adequada a esta faixa etária e ao trabalhador. Para o mesmo público
do ProJovem!
Só faz sentido um projeto que contribua para a
eficácia da educação ofertada nas Redes de Ensino: estímulos à perseverança,
como o subsídio para sustento do jovem, passagens, atividades complementares
que o qualifique para o mundo do trabalho e amplie sua vivência
cultural. É possível com os recursos hoje desperdiçados pelo ProJovem!
Assim, agregaríamos à seriedade e à qualidade do trabalho das escolas,
políticas voltadas aos jovens para seu retorno aos estudos, continuidade e
sucesso.
Os problemas que motivaram investigações, afastamentos de
equipes e secretários, e até CPI em Porto Alegre, se repetirão e não haverá
mudança nos resultados se não terminarmos com este modelo aligeirado e paralelo
de educação!
Vereadora Sofia Cavedon
Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre
22 de março de 2011.
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