terça-feira, 22 de março de 2011

Por um novo ProJovem

 Alguns anos de experiência de ProJovem, resultados ínfimos e de qualidade questionável, denúncias de desvio de recursos e desorganização, de alto índice de evasão dos alunos e fechamento sistemático de turmas, devem ser sinais suficientes para qualquer gestor perceber que a proposta do ProJovem, como está, não atende aos objetivos a que se propôs: atrair jovens entre 18 e 24 anos, que não concluíram o Ensino Fundamental, para o retorno às aulas. Política fundamental quando o país anuncia o pleno emprego, vivendo em algumas regiões apagão de mão de obra, e nem metade da juventude brasileira chegou ao Ensino Médio!


O ProJovem tem um equívoco original: uma política de escolarização da juventude num sistema paralelo às redes educacionais existentes. Recursos importantes  que vão para a estruturação de aulas desde a contratação de professores, de espaços, alimentação, logística, assessoria, coordenação, bolsas, tudo através de empresas, Ocips, fundações privadas, em processos frágeis e difíceis de qualificar: vagas pela mídia,  relação desprovida de vínculos, de possibilidade de resgate do aluno que começa a faltar, materiais didáticos afastados da realidade, educadores sem conseguir qualificar sua prática, replanejar ações por não constituir comunidade escolar. Resultado: dados do Rio Grande indicam em torno de 70% de evasão, e há maiores no Brasil!

Ora, a Educação de Jovens e Adultos, estabeleceu-se no país resistindo ao veto que a deixou fora do Fundef, estando agora incluída no Fundeb - financiamento da Educação Básica. Em Porto Alegre está organizada em quase 40 escolas municipais e em algumas estaduais, com professores concursados, formação permanente, proposta pedagógica adequada a esta faixa etária e ao trabalhador. Para o mesmo público do ProJovem!  

Só faz sentido um projeto que contribua para a eficácia da educação ofertada nas Redes de Ensino: estímulos à perseverança, como o subsídio para sustento do jovem, passagens, atividades complementares que o qualifique para o mundo do trabalho e amplie sua vivência cultural. É possível com os recursos hoje desperdiçados pelo ProJovem! Assim, agregaríamos à seriedade e à qualidade do trabalho das escolas, políticas voltadas aos jovens para seu retorno aos estudos, continuidade e sucesso.

Os problemas que motivaram investigações, afastamentos de equipes e secretários, e até CPI em Porto Alegre, se repetirão e não haverá mudança nos resultados se não terminarmos com este modelo aligeirado e paralelo de educação!

Vereadora Sofia Cavedon
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre


22 de março de 2011.

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