COMISSÃO DE FUNCIONÁRIOS DA CIA CARRIS PORTO-ALEGRENSE
Porto Alegre, 30 de maio
de 2017.
A
Sua Excelência
Sr.
Elizandro Sabino
Secretário
Municipal de Urbanismo
CC:
Ilma
Srª Helem Machado
Diretora-Presidente
da Cia Carris
Assunto:
A
situação operacional da Carris e a sua relação com os Funcionários.
Prezados
Senhores.
Ao
cumprimentá-los, face ao enunciado em epígrafe, a Comissão Especial para
Assuntos Sindicais da Companhia Carris Porto-alegrense – Coletivo de Empregados
da Carris, fundada em 1997, traz ao Vosso conhecimento a preocupação do corpo
funcional de nossa Empresa ante ao iminente colapso financeiro e operacional do
principal ativo do município de Porto Alegre. A nossa preocupação emociona-se
não somente no fato de ser uma empresa de grande porte e que possua relevante
serviço à população, mas também por tratar-se de um patrimônio cultural,
material e imaterial da Cidade.
Dessa
forma, tomamos a liberdade de elevar a vosso conhecimento os elementos que
seguem:
1. A Companhia Carris possui uma cultura de
transparência, democracia e participação. Atitudes unilaterais, que conflitam
com esta cultura tem tumultuado o cotidiano operacional e gerado um clima de
desprestígio nunca antes visto. Somos mais de dois mil trabalhadores e
trabalhadoras do transporte público; conhecedores do negócio transporte e parte
interessada na recuperação da Carris. Cerrar portas e interditar o diálogo com
os organismos de representação legitimamente constituídos, não parece adequado.
A história não termina quando saímos, da mesma forma que ela não começa quando
chegamos.
2. A Comissão de Funcionários, como já sinalizado
anteriormente, é um organismo de representação. Histórica. Constituída pelo
voto direto e livre dos empregados. Ao longo dessas duas décadas de existência cumpre
um papel mediador entre as demandas cotidianas dos empregados da Carris e a sua
direção. Tratamos daqueles temas mais urgentes da relação Capital X Trabalho,
que por ventura não estejam contemplados na Convenção Coletiva da categoria; é importante
dizer que o nosso patrão não senta na mesa da convenção – talvez essa seria a
principal razão de sua existência.
3. Que se garanta a OS-21111-057. Nessas duas décadas
sempre tivemos a compreensão, por parte da empresa, da relevância desse trabalho.
Tanto é que no ano de 2009 a Diretoria Administrativa da empresa editou Ordem
de Serviço regimentando e garantido a liberação de seus membros da sua jornada
de trabalho, sem prejuízo às respectivas remunerações, por entender tratar-se
de um serviço que prestamos.
4. Garantia de funcionamento do SIMC – O Serviço de melhoria
da Carris é uma ouvidoria. É onde conseguimos minimizar com celeridade
situações de desencontro de informações e/ou falta de alinhamento.
5. Um corpo gestor qualificado – temos observado que
há um esforço da nova Direção da Companhia Carris em recolar a estatura
administrativa que é própria de uma grande empresa, entretanto é nosso dever
alertar que, ante as dificuldades operacionais, faz-se mister contar com o
comprometimento de seu corpo funcional, gesto imprescindível na recuperação de
um ativo desse porte.
6. Prevenção ao
Assédio Moral –Dizemos isto porque as recentes medidas adotadas pela empresa
conflitam com a tradição solidária e de transparência que é próprio de uma
família. Família, essa é a maior definição para uma empresa que possui um corpo
funcional experiente e longevo e que empenha dia-pós-dia o melhor de seus
talentos na consecução do negócio transporte.
7. A revista de funcionários é incompatível com o negócio – ações como a
revista de funcionários operacionais e da área técnica, na saída das
instalações da empresa, não contribuem para outra finalidade senão o
constrangimento de colegas para com os próprios colegas – atitude estranha em
qualquer empresa que desenvolve a mesma atividade econômica nesta cidade.
8 ‘Programa Linha Direta’ (se assim podemos chama-lo) – O que está em
discussão neste ponto, obviamente, não é a política de proximidade e/ou
disposição do corpo diretivo em dialogar com os empregados. Mas também nos
causa estranheza propor diálogo dessa forma ao mesmo tempo em que negligencia a
mesma disposição em dialogar com a representação legitimamente constituída.
9. Requalificar e manter o Programa DNA – O momento é de
re-prestigiar os funcionários, não somente da área de operações, mas de toda a
empresa. Requalificar o Programa DNA é um importante recomeço. A Carris em seu
todo é composta de muitas vozes e muitas faces, portanto uma infinidade de
talentos a ser reconhecido.
10. Trabalhar para reduzir as dispensas por causa justa –
elegemos
o diálogo como ferramenta na recuperação da autoestima de muitos colegas; entendemos
que é preferível as medidas pedagógicas do que qualquer ação punitiva, quando
em questões de baixo teor ofensivo aos propósitos de nossa empresa.
11. Imediata contratação de um Serviço Social – numa empresa com a vocação da Companhia
Carris, existem lacunas que precisam ser supridas: urge a contratação de um
profissional de Serviço Social. É aqui que passamos a maior parte de nossos
dias, portanto é preciso um olhar de atenção quando sentimos uma mudança de
comportamento e/ou perda de rendimento por parte de um funcionário que há um
tempo considerável está em atividade na empresa. É preciso conhecer para
respeitar e recuperar para não punir.
12. Adotar o instrumento da sindicância – Todos, antes de sermos profissionais, somos
humanos. E mesmo na condição de profissionais erramos e estamos suscetíveis a
deslizes, mas é preciso que se garanta a cada um, e a cada caso, o direito de
auto e ampla defesa. O contraditório precisa ser assegurado. É assustador o
número de desligamentos por ‘causa justa’ na Companhia Carris Porto-alegrense;
mais assustador ainda são as reintegrações pela justiça do trabalho por
procedimentos de averiguação malconduzidos, por vezes por gestores pouco
preparados, que na ânsia de resolver e causar o menor impacto optam por esta
saída que, sob dúvida alguma, onera a companhia. É preciso um corpo de gestão
mais atenta, mais flexível e qualificada.
13. Cumprir o Acordo Coletivo do Prêmio 2016 – ainda não foram
julgados os recursos do prêmio 2016. É preciso celeridade na consecução dos
recursos e imediato pagamento dos valores.
14. Manutenção do Prêmio nos termos da Lei Federal
10101/2000. É
preciso que se recupere a situação fiscal e de contas da Companhia, mas isso
não pode ser sinônimo de retirada de direitos.
15. Manutenção do pagamento da Gratificação de Natal – é preciso que se
garanta a todos os funcionários ativos na folha em 20/12/2017 um vale em cartão
green card no valor de R$130,00 + a
correção do percentual do dissídio da Categoria.
16. É preciso que se observe o Acordo coletivo da
Categoria Rodoviária
– nesse ponto é preciso que se observe principalmente o que lá dispõe sobre as
sanções por câmeras.
17. É hora de recolocar o debate da jornada de trabalho – essa é uma
ferramenta de garantia de emprego e de produtividade.
18. Revisar o Contrato de Plano de Saúde – Há um pedido de
informação desta comissão de funcionários, encaminhado pela Vereadora Sofia ao
Senhor Prefeito, ainda sem resposta, pedindo informações. Tememos pela
legalidade dos termos do contrato. É preciso que se licite um plano para nossa
empresa.
19. Por fim elevamos a necessidade de que se reponha o
dia 28/04
– trata-se, portanto de GREVE GERAL convocada pelas centrais sindicais e os
trabalhadores, independentemente de sua vontade não tinham como deslocar-se.
Sendo o
que havia para o momento, subscrevemos.
Marco Aurélio
Conceição - Presidente
Cristiano Soares - Secretário
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