Manifestação da vereadora Sofia Cavedon na Tribuna do Legislativo Municipal sobre a IV Ação Internacional da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), realizada nos dias 28,29 e 30 de setembro em Santana do Livramento/RS.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, telespectadores da TVCâmara, eu, neste tempo do Partido dos Trabalhadores também abraço o ex-Secretário Casartelli. Este tempo dele na Câmara talvez tenha reconstruído conosco, inclusive, a imagem, porque, como Parlamentar, mostrou ser um Vereador democrático, do diálogo. Nós tínhamos muito mais discussões, divergências, quando ele foi Secretário da Saúde do que agora. Espero que continue contribuindo com a sua trajetória, com a sua competência técnica e compromisso social que demonstrou neste período na Câmara.
O PT, que valoriza e participa, esteve representado na IV Ação Internacional da Marcha Mundial de Mulheres, que foi lançada em 8 de março de 2015, para se realizar no País inteiro e que encerra em Mossoró, no Rio Grande do Norte, em 17 de outubro. Aconteceu na Região Sul, neste final de semana, em Santana do Livramento, na fronteira Brasil/Uruguai. Quase 500 mulheres dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e do Uruguai e da Argentina reuniram-se no encontro chamado Primavera pelo Direito ao Corpo e à Vida das Mulheres, com um eixo fundamental, que é o que nos movimenta na Marcha Mundial das Mulheres há alguns anos: “seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”. Ora, o corpo das mulheres é o território das mulheres, são os nossos corpos o lugar onde vivemos, trabalhamos, desenvolvemos nossas lutas, nossas relações comunitárias e a nossa história.
Essa é uma ação de mobilização para denunciar as causas que nos oprimem e nos discriminam como mulheres em todo o mundo e, ao mesmo tempo, é um processo de formação política feminista para identificar as ameaças que as mulheres sofrem em cada região do planeta, e para construir de forma coletiva as nossas práticas e propostas de um mundo baseado na igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade.
Estamos em marcha, a chamada Marcha Mundial de Mulheres, até que todas sejamos livres do sistema capitalista, patriarcal, racista e colonialista que nos oprime. Livres da concentração das terras e de sementes. Livres da violência da criminalização de nossas lutas sociais, dos conflitos armados e das guerras. Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres do mercado financeiro e das empresas transacionais, que especulam sobre os bens comuns e atacam nossas conquistas e direitos obtidos após muitas lutas. Somos milhões de mulheres que lutamos em todo o mundo contra a lesbofobia. Seguiremos em marcha construindo propostas e alternativas com base na autonomia das mulheres e na autodeterminação dos povos. Teceremos redes de solidariedade entre nós para promover igualdade entre as mulheres, entre as mulheres e os homens e entre os povos.
Essas palavras resumem o debate e as proposições de luta desse encontro do final de semana, encontro que foi logo após a votação no Congresso Nacional do Estatuto da Família. É incompreensível que o Congresso Nacional, representante da democracia brasileira, cuja Constituição Brasileira determina que o Estado é laico, que o Congresso Nacional vote preceitos de família que compõem credos religiosos, que família é homem e mulher, que essa composição de família que terá direito à assistência social, a políticas públicas, etc.
O 5º Encontro da Marcha Mundial de Mulheres repudia frontalmente isso porque determinar por lei o comportamento individual dos seres humanos, a sua opção de afetividade, de nucleação familiar é um equivoco e se assemelha a fenômenos que todos repudiam e que dizima milhões de homens e mulheres, que são fenômenos onde Estado e Igreja estão juntos, ou os credos fundamentalistas estão gerindo ações, como é o Estado Islâmico. Quem não adere a um conjunto de credos é morto, assassinado, expulso das suas terras e das suas casas. E nós não podemos deixar isso avançar no Brasil, no Brasil da democracia, no Brasil onde as instituições se aprimoram. O Estatuto da Família é, sim, um manifesto religioso; não é um manifesto libertário e republicano. E é preciso que nós retomemos esse debate.
A Marcha Mundial de Mulheres nesse final de semana, em Livramento, repudiou isso e tirou ações: caravana da Marcha nas escolas para construir uma educação libertária, uma educação sem fobia de nenhuma espécie, sem preconceito e sem violência contra a mulher. Esse é um dos encaminhamentos. E nós seguiremos em marcha junto com todas elas até que todas sejamos livres.
(Não revisado pela oradora.)
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