quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sobre a greve do Magistério Estadual

A greve é um instrumento de luta dos trabalhadores. Parece um chavão batido, porém importante sempre de relembrar. Quem decide o momento de utilizá-lo, as razões e a intensidade é a categoria por suas instâncias de participação. O CPERS é o mais importante sindicato do Estado, por sua representatividade, pelo setor estratégico onde atua, pela influência política no movimento sindical, pelos símbolos que já imprimiu para a educação estadual: de resistência ao desmonte da educação, à deteriorização das condições de trabalho, à pauperização dos educadores, à municipalização fruto da desresponsabilização do estado com suas tarefas constitucionais, de combate à instalação do autoritarismo e centralização da educação, tentados pelos inúmeros ataques à gestão democrática. Fez história aqui e no Brasil conquistando um Plano de Carreira que a faz uma das categorias mais qualificadas da Federação. Não fora toda esta história de luta, o que seria da educação gaúcha, se ainda a vemos tão vilipendiada?

Por outro lado, é preciso identificar com que governo estamos tratando. Certamente não é um governo que quer derrotar a categoria e seu Sindicato. Não fosse assim, não teria liberado no início do ano os Coordenadores Regionais que haviam diminuído sua capacidade de organização da categoria, pela decisão política do governo anterior em mantê-los atuando com alunos. Não fosse assim, não teria o governo abonado as faltas aplicadas nas greves pelo Governo anterior, que penalizavam o professor não só com desconto dos dias, inclusive recuperados, mas com prejuízos na carreira! Estamos tratando com um governo que não hesitou em extinguir o SAERS – Sistema de Avaliação que foi imposto, sem nenhum debate, à rede estadual pela Secretária que não conseguiu concluir o mandato porque queria aplicar a meritocracia e não logrou êxito! No lugar disto, propõe o debate sobre um Sistema Participativo de Avaliação. Chama Conferência e põe em debate uma proposta de Reestruturação do Ensino Médio! Portanto, um governo que aposta na lógica da construção com a categoria, organizada de avanços para a educação e para o magistério. Que quer diálogo. Que sabe que mudanças e avanços passam por investimento e construção conjunta com as comunidades escolares!

Mas aí, dirão, e o Piso? Não vamos aceitar nada sem o pagamento do Piso Nacional, direito conquistado, Lei a ser cumprida e Tarso prometeu! Todas afirmações certas, com exceção, permitam-me discordar, de primeiro ter o Piso para depois ver o resto. Esta, na verdade, não é a atitude do conjunto dos professores, não só porque está participando em todas as oportunidades de formação e debate pedagógico, demonstrando seu compromisso com a profissão, mas porque lutou muito por este direito quando lhes era negado participar de seminários e conferências. Mas também, pela Caravana das Boas Práticas Pedagógicas, visitando Escolas Estaduais de Porto Alegre, fica evidenciado o esforço de superação das dificuldades do cotidiano e o investimento no sucesso do aluno. Quanto às promessas de Tarso, manifesto-me como testemunha da escrita dos compromissos enquanto candidato, uma vez que era da Coordenação de campanha e do Grupo do Programa. Tarso compromete-se com o Piso, afirmando que construiria as condições necessárias para pagá-lo. Ele indica recursos no orçamento para tal e aponta para um calendário.

Meu apelo, então, aos professores e ao governo, que o diálogo se restabeleça, respeitadas as autonomias, num processo rápido de solução da greve, para que todos ganhem, especialmente a educação gaúcha.

Sofia Cavedon.


28 de novembro de 2011

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