A greve é
um instrumento de luta dos trabalhadores. Parece um chavão batido, porém
importante sempre de relembrar. Quem decide o momento de utilizá-lo, as razões
e a intensidade é a categoria por suas instâncias de participação. O CPERS é o
mais importante sindicato do Estado, por sua representatividade, pelo setor
estratégico onde atua, pela influência política no movimento sindical, pelos
símbolos que já imprimiu para a educação estadual: de resistência ao desmonte da
educação, à deteriorização das condições de trabalho, à pauperização dos
educadores, à municipalização fruto da desresponsabilização do estado com suas
tarefas constitucionais, de combate à instalação do autoritarismo e
centralização da educação, tentados pelos inúmeros ataques à gestão
democrática. Fez história aqui e no Brasil conquistando um Plano de Carreira
que a faz uma das categorias mais qualificadas da Federação. Não fora toda esta
história de luta, o que seria da educação gaúcha, se ainda a vemos tão
vilipendiada?
Por outro
lado, é preciso identificar com que governo estamos tratando. Certamente não é
um governo que quer derrotar a categoria e seu Sindicato. Não fosse assim, não
teria liberado no início do ano os Coordenadores Regionais que haviam diminuído
sua capacidade de organização da categoria, pela decisão política do governo
anterior em mantê-los atuando com alunos. Não fosse assim, não teria o governo
abonado as faltas aplicadas nas greves pelo Governo anterior, que penalizavam o
professor não só com desconto dos dias, inclusive recuperados, mas com
prejuízos na carreira! Estamos tratando com um governo que não hesitou em
extinguir o SAERS – Sistema de Avaliação que foi imposto, sem nenhum debate, à
rede estadual pela Secretária que não conseguiu concluir o mandato porque
queria aplicar a meritocracia e não logrou êxito! No lugar disto, propõe o
debate sobre um Sistema Participativo de Avaliação. Chama Conferência e põe em
debate uma proposta de Reestruturação do Ensino Médio! Portanto, um governo que
aposta na lógica da construção com a categoria, organizada de avanços para a
educação e para o magistério. Que quer diálogo. Que sabe que mudanças e avanços
passam por investimento e construção conjunta com as comunidades escolares!
Mas aí, dirão,
e o Piso? Não vamos aceitar nada sem o pagamento do Piso Nacional, direito
conquistado, Lei a ser cumprida e Tarso prometeu! Todas afirmações certas, com
exceção, permitam-me discordar, de primeiro ter o Piso para depois ver o resto.
Esta, na verdade, não é a atitude do conjunto dos professores, não só porque
está participando em todas as oportunidades de formação e debate pedagógico,
demonstrando seu compromisso com a profissão, mas porque lutou muito por este
direito quando lhes era negado participar de seminários e conferências. Mas
também, pela Caravana das Boas Práticas Pedagógicas, visitando Escolas
Estaduais de Porto Alegre, fica evidenciado o esforço de superação das
dificuldades do cotidiano e o investimento no sucesso do aluno. Quanto às promessas
de Tarso, manifesto-me como testemunha da escrita dos compromissos enquanto
candidato, uma vez que era da Coordenação de campanha e do Grupo do Programa.
Tarso compromete-se com o Piso, afirmando que construiria as condições
necessárias para pagá-lo. Ele indica recursos no orçamento para tal e aponta
para um calendário.
Meu apelo,
então, aos professores e ao governo, que o diálogo se restabeleça, respeitadas
as autonomias, num processo rápido de solução da greve, para que todos ganhem,
especialmente a educação gaúcha.
Sofia
Cavedon.
28 de
novembro de 2011
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