Eles são
quase dois mil, atuam diretamente na educação, proteção e cuidado de crianças,
adolescentes, jovens e adultos na rede comunitária de nossa cidade. São, na sua
maioria, mulheres e negras, recebem baixos salários e vem há mais de uma década
construindo, ampliando e qualificando, ao lado de suas instituições, convênios
da sociedade civil com a prefeitura que atendem hoje mais de cinqüenta mil
daqueles pequenos e vulneráveis cidadãos.
Há pouco
mais de uma década, este atendimento era muito menor, mantido por trabalho
voluntário e pelas comunidades já tão carentes. No intenso período de
participação popular direta na produção das políticas públicas através do
Orçamento Participativo, das Conferências Municipais, do Conselho Municipal da
Criança e do Adolescente, da Assistência social e da Educação, Porto Alegre
viveu a gestão coletiva do Convênio Creches Comunitárias, do Serviço de Apoio
Sócio-Educativo (Extra-Classe para crianças de 7 a 14 anos), do Trabalho Educativo
para Jovens, dos Abrigos e Casas de Passagem e do Movimento de Alfabetização de
Adultos - MOVA. Programas que constituem, ao lado das redes públicas de escolas
e assistenciais, fundamentais espaços e instrumentos para a consecução do ECA e
das novas Legislações da Educação, especialmente as da Educação Infantil.
Atores
centrais nesta caminhada, os educadores populares tinham na sua grande maioria,
quiçá, o Ensino Fundamental. E foram eles, organizados na AEPPA – Associação
dos Educadores Populares de Porto Alegre – que pautaram a necessidade da
formação e traçaram o percurso que os levaria de “tias” a professoras. Com
muita luta, até com greve, no diálogo e na pressão arrancaram os cursos de
formação na modalidade Normal nas duas escolas de Ensino Médio municipais;
protagonizaram - então professoras formadas - um novo curso na recém criada
UERGS – de Pedagogia cuja forma e conteúdo privilegiava a Educação Popular. Era
2002 e pela primeira vez se abriam as portas da formação superior a estes
educadores, sempre discriminados pelas duras condições de vida e pelo “gargalo”
do vestibular nas competitivas Universidades Públicas ou pelos custos das
privadas.
A UERGS
com o governo Rigotto fecha as portas para novos ingressos e é o PRÓ-UNI do
Governo Federal abre as portas das Universidades Particulares. O IPA –
Instituto Porto Alegre, a PUC – Pontifície Universidade Católica e o Instituto
Superior do Sévigné aceitaram o desafio e acolheram esta causa. Serão, em março
deste ano, mais de trezentos Educadores Populares na Universidade.
Mais do
que eles, as crianças, adolescentes, jovens e adultos analfabetos começam a se
beneficiar de uma nova qualidade na intervenção destes profissionais! Mais do
que eles, estas Universidades experimentarão a cidadania ativa e comprometida
dos educadores, verão o conhecimento transformando a prática e a prática
produzindo novos conhecimentos e sentirão orgulho de estarem transformando
vidas!
Sofia
Cavedon – Vereadora de Porto Alegre
01 de
junho de 2011.
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