Sofia defende o projeto na Tribuna da Casa Legislativa:
Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, estão em Pauta nesta Casa uma série de Projetos que prestam homenagens. Quero aqui referir que reduzimos bastante as homenagens, Ver. Sebastião Melo, um legado importante da sua gestão, pois acho que a Casa precisa valorizar bastante as poucas homenagens que faz e priorizar, sim, a construção de Projetos de Lei, o debate legislativo, de fato, e o papel de fiscalizadora. Das poucas homenagens que fazemos, quero referir aqui o nome de rua que estou colocando e dizer – o Ver. Nedel não se encontra – que foi extremamente difícil, porque queríamos prestar uma homenagem a uma pessoa, a Ana Maltz Knijnik, mas também precisávamos ver uma região próxima a sua área de atuação, de moradia. E por que foi difícil? Às vezes, compreendo o debate que temos aqui a respeito de conceder nome de ruas, porque nós temos o cuidado de perguntar aos moradores, perguntar à população, dependendo do lugar que queiramos homenagear, se seria pertinente, se as pessoas reconheceriam o homenageado, se aceitariam, se considerariam que a Cidade poderia, naquele lugar, fazer aquela homenagem. Então, nós estamos homenageando uma pequena rua com o nome de Ana Maltz Knijnik. A Ana atuou muito no tema da infância, da criança e do adolescente, na sua vida profissional, na sua militância fora de hora do trabalho, ajudando a constituir creches. Foi uma pessoa muito sensível na temática do meio ambiente, da preservação dos parques da Cidade e, com certeza, não só sua família, mas nossa Cidade ganha com uma rua recebendo esse nome.
Chamo atenção em relação aos nomes de rua não para nossa antiga reivindicação de que as placas precisam ser colocadas, mas para que tenhamos em vigor uma legislação que indique que deva haver a identificação do homenageado na placa. Eu caminhava nas ruas de Montevidéu – não este ano, há mais tempo – e verificava isso em todas as placas. Outro lugar que lembrei, no verão, passei uma semana no Rio de Janeiro, todas as placas têm identificação do cidadão ou cidadã homenageada. É uma aula na rua que é muito importante para o turista, mas mais importante ainda para os cidadãos da cidade.
O Sr. Dr. Raul: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Sofia, obrigado pelo aparte. Eu também gostaria de me manifestar em relação à questão dos nomes de rua. Eu ainda não coloquei nome em nenhuma rua. A única a que eu tenho me dedicado e tentado conseguir - e tenho tido dificuldade - é a que homenageia a ex-Presidente do Sindicato dos Técnicos Científicos do Estado, Nadja de Paula, que faleceu naquele horrível acidente da TAM. Eu já fui muito bem recebido na Secretaria de Planejamento, pelo Secretário Márcio, e estamos tentando construir uma possibilidade. Mas, realmente, acho que nós temos que melhorar a questão dos nomes de rua em Porto Alegre. Este assunto tem que ser mais bem tratado.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Concordo, Ver. Dr. Raul. Como é difícil, quando se quer homenagear alguém, encontrar um lugar para isso. É bem difícil, quando a gente quer, de fato, preservar e respeitar os cidadãos e os destinos de cada espaço. Eu sou solidária, porque levei um grande tempo para construir. No final, a filha do Mauro Knijnik identificou uma ruela, e aí conseguimos construir junto com o morador que tem o loteamento lá.
O importante é que sejam poucas, mas bem pensadas e que tenham significado para a nossa Cidade, para preservar a memória. E a homenagem chama a atenção, porque é para uma mulher. A grande maioria dos nomes de rua desta Cidade, Ver.ª Fernanda, são nomes de homens, e nós temos muitas mulheres na invisibilidade e sofrendo violência. Eu quero aqui registrar que temos que nos rebelar, repudiar e exigir providências. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS - PROC. Nº 2555/10 - PLL Nº 111/10
Ana Maltz Knijnik nasceu em Cachoeira do Sul, no dia 10 de outubro de 1943, filha de João e Clara Lápida Maltz. Passou sua infância de forma simples e tranquila naquela Cidade, onde concluiu o colégio primário e cresceu rodeada de afeto no seio de uma família numerosa. Em 1949, seus pais resolveram emigrar para Porto Alegre, para que os filhos tivessem maiores oportunidades. Ingressou por concurso no Colégio de Aplicação da UFRGS, onde concluiu o curso secundário, e foi nesse período, provavelmente, que consolidou seus conceitos de igualdade, liberdade e justiça.
Desde jovem foi uma pessoa posicionada contra qualquer tipo de discriminação e injustiça, sempre incentivava e encorajava as pessoas de baixa renda ou excluídas a conhecer seus direitos e os exigirem. Acreditava firmemente que, só por meio da educação e da conscientização, a vida das pessoas menos favorecidas poderia ser modificada. Mesmo no âmbito familiar, sempre foi considerada, para a época, uma jovem de vanguarda, uma contestadora nata, que dificilmente admitia um “não” sem a devida explicação do porquê do “não”, o que muitas vezes causava conflitos com seus superiores.
Formou-se no curso Normal, no Instituto de Educação Flores da Cunha.Posteriormente, lecionou no Colégio Israelita Brasileiro e, logo em seguida, mediante concurso público, assumiu no Magistério Público Estadual. Por muitos anos lecionou em uma escola pública no Município de Viamão. Ingressou na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS –, na Faculdade de Serviço Social, graduando-se em 1976.
Iniciou sua prática profissional na Secretaria de Educação, no Departamento de Educação Especial, onde orientava os pais de alunos com necessidades educativas especiais e os encaminhava para tratamentos específicos. Posteriormente, foi trabalhar no Juizado da Infância e da Juventude, no antigo “juizado de menores”, passando por vários setores de atendimento, tais como os de adolescentes em conflito com a lei e o de crianças abandonadas e negligenciadas pelos pais e responsáveis.
A profissional tinha muita habilidade pessoal para conduzir uma entrevista, sabendo dar apoio e orientação daqueles casos que lhe eram designados, como também elaborava perícia detalhada, dando ao juiz elementos para proferir a sentença. Mais tarde, foi trabalhar na Fundação Estadual do Bem Estar do Menor, no Núcleo de Assistência à Família, onde colocava crianças em lares substitutos, bem como trabalhava na seleção de candidatos para a adoção, efetuando, depois, a colocação e o acompanhamento desses. Foi uma das fundadoras da creche Anne Frank, em Viamão, atuando como responsável técnica por mais de cinco anos.
Na década de 90, Ana, com muita determinação, ingressou em um centro de formação de terapia familiar, motivada em melhorar a sua prática profissional, uma vez que tinha uma grande sensibilidade e interesse nas questões do sofrimento infantil. Tinha certeza de que a família era o berço de todos os conflitos, porém também o das soluções, por tal motivo esta deveria ser ajudada e fortalecida.
Ana era uma atuante defensora da natureza e, consequentemente, lutava pela preservação dos nossos parques e jardins. Adorava fazer longas caminhadas e acreditava que o contato com a natureza era o melhor energizador do corpo e da mente.
Foi casada com o economista Mauro Knijnik e teve dois filhos: Fernanda Knijnik Milman – advogada, defensora pública, casada com Túlio Milman e mãe de Camila e Ana – e João Carlos Knijnik, administrador de empresas.
Ana enfrentou, durante mais de dez anos, sua doença, com muita coragem e obstinação. Poucos foram os momentos em que perdeu o entusiasmo, pois acreditava na força do pensamento, do amor, da família e dos amigos. Faleceu no dia 11 de julho de 2005.
Pelo exposto, rogamos o apoio dos nobres pares para a aprovação desta Proposição. O logradouro ao qual propomos seja dado o nome da homenageada não possui residências, constando, anexo a este Processo, declaração comprobatória assinada pelo proprietário de um condomínio em construção no local.
Sala das Sessões, 18 de junho de 2010.
VEREADORA SOFIA CAVEDON
Fonte: Site CMPA.
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