O que
era só uma campanha, virou estratégia de gestão. Em vez de roupas e
eletrodomésticos, áreas públicas. Aquela, aquece o mercado facilitando o acesso
a bens de consumo à população. Esta favorece a especulação e enriquecimento
privado e retira direitos comuns do povo.
É
exemplar o caso do Auditório Araújo Vianna, patrimônio público, cultural e
político. O governo municipal se julgou incompetente para mantê-lo assim. Sem
perguntar à população, ofereceu à iniciativa privada, em troca de parte das
datas. Além do prejuízo de estar há cinco anos fechado e deteriorando, a conta
final somará muitos dividendos aos promotores de grandes e caros eventos,
acessíveis aos já privilegiados.
Este
será o destino do Cais do Porto, só que com entrega mais ousada: possibilidade
de construção de espigões na beira do Guaíba, prédio ao lado da Usina e sem
necessidade de reserva de áreas públicas, nem sequer vias!
Mas
não é só pela Orla e Parques que passa esta lógica: os Morros da cidade estão
na mira!
É o
caso do Morro Santa Teresa, localizado em área central, com
cobertura vegetal que contribui para a preservação e a qualidade de vida e onde
sete comunidades há anos lutam pela regularização de seu direito à moradia: lei
que tramita em urgência na Assembléia, autoriza sua venda! Não vale o argumento
da descentralização da FASE, para a qual nem se tem projetos, pois se existissem,
haveria recursos do Governo Federal para realizá-la! Perguntaram os deputados e
a Governadora à cidade de Porto Alegre se ela está disposta a abrir mão desta
área? Se a cidade suporta mais densificação e impacto no trânsito já tão
conflagrado naquela região? É admissível votar em regime de urgência tamanha
intervenção?
No
tema da mobilidade urbana, há pouco se descobriu que a prefeitura estava
vendendo em torno de 150 escadarias e passagens de pedestres. Interrompida por
denúncia ao MP, o argumento é a insegurança! Uma ausência de estado
justificando outra desobrigação do estado!
Onde
ficam os preceitos legais que dizem que bens de uso comum do povo só podem ser
alienados se isto for de interesse público? Quem defenderá o direito de todos à
cidade, se os que eleitos por ela para garanti-lo, promovem sua alienação, sem
consultar os representados?
Que o
"Liquida" volte a ser só campanha para queimar estoques e se liquide
de vez a usurpação da soberania popular e da qualidade de vida a que todos têm
direito!
Sofia Cavedon – Vereadora do PT/PoA
Porto Alegre, 28 de maio de 2010.
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