Artigo da vereadora Sofia Cavedon publicado em 14 de Outubro no jornal Correio do Povo.
O ser humano é um ser interferidor, nos ensina Paulo Freire. Ele não se reduz nem à dimensão natural, biológica, nem à cultural - seu poder criador. É ser de relações. Criando, recriando, decidindo, o homem e a mulher fazem cultura, não permitem a estagnação. A história e a cultura são seus domínios exclusivos, o que os difere dos demais seres vivos. O conhecimento, portanto, é resultado desta integração do ser humano com o mundo. Ele se identifica, se encontra, no que produz, na beleza, na forma de suas criações. E neste processo de conhecer, aprender, portanto, mudar, que o professor está imerso: na realização da vocação ontológica de cada ser humano: ser livre, produtor de cultura, história.
O professor é, portanto, um ser interferidor, por sua condição humana e, ainda mais, pela essência de seu trabalho: a participação no movimento histórico de cada sujeito no desvelamento da natureza, de suas leis e da própria humanidade. Não o fará pela lógica mecanicista nem pela metafísica, adverte Gadotti, pois ambas reduzem a mudança a processos determinados por forças incontroláveis. Ambos retiram a condição de sujeito tanto do professor quanto do aluno. O fará trabalhando o conhecimento enquanto práxis: teoria e método que desvelam a contradição existente em todos os fenômenos e as coisas.
Do professor se cobra a tarefa de mudar a escola. Isso significa, afirma José Clóvis de Azevedo, assumir concepções e práticas que dialoguem com a transformação e a criatividade. Assumir-se e aos alunos como portadores de concepções de mundo, de saberes gerados pela criação cultural de sua existência, traz como desafio ao educador colocar este conhecimento em diálogo com o conhecimento científico - por meio da rigorosidade na aproximação do objeto cognoscente que transforma a curiosidade ingênua no que Freire chama de Curiosidade Epistemológica. É assim que a curiosidade que nos move diante de um mundo que não fizemos, pode nos fazer acrescentar a ele algo que fazemos, diz Freire. E aí a escola muda e muda o mundo.
Na sua condição de interferidor, o professor sabe que esta mudança não se dá só na sala de aula. Ela o faz lutar por piso salarial, por carreira, por condições de trabalho, acesso aos bens culturais e tecnológicos, formação permanente, respeito, diálogo e participação efetiva na gestão da educação. Ensinar, na teoria e na prática, os alunos a assumir sua condição de sujeitos da história.
Parabéns professores, assim, uma nova educação é possível!
Sofia Cavedon - Vereadora/PT
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