terça-feira, 23 de junho de 2009

Por quê não temos campanhas de prevenção à aids?

Por Alexandre Böer*

Mais uma vez o Rio Grande do Sul perdeu a chance de sensibililizar homens e mulheres de se prevenirem de uma doença que continua preocupante entre as pessoas sexualmente ativas, já que esta é a principal via de contaminação da aids.

Assim, o Dia dos Namorados passou em brancas nuvens para as campanhas de prevenção à aids, mesmo estando prevista no Plano de Ações e Metas da Secretaria Estadual de Saúde, com recursos finaceiros aprovados no orçamento do Estado do Rio Grande do Sul. Os números indicam a necessidade de investirmos em prevenção no Estado, pois os dados continuam alarmantes.

Só a capital, que concentra 70% dos casos, representa a cidade com maior incidência de aids no país, segundo dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. Em 2008 Porto Alegre apresentou 66,8 casos por 100 mil habitantes e, mesmo assim, as campanhas para o público em geral são falhas.

No Carnaval passado as campanhas, tanto do Governo do Estado, como da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, atrasaram e agora, em junho, a campanha do Estado só sairia às vésperas do dia dos namorados e não haveria tempo hábil para distribuição e veiculação, já que a campanha deveria atingir todo o Estado.

A Prefeitura de Porto Alegre, então, sequer aprovou o seu plano de investimentos para este ano, mesmo tendo transcorrido meio ano. Para Zé Hélio, que representa a Rede de Pessoas que Vivem com Aids no Estado e que participa da Comissão de Comunicação que assessora a Coordenação da Política Estadual de DST/Aids nessa área afirmou que estava participando das reuniões sobre a campanha desde o dia 17 de abril, mas até o dia 5 de junho a campanha ainda não estava finalizada.

"Qualquer leigo sabe que uma campanha com data marcada precisa de um tempo mínimo para ser veiculada antes. Precisamos maior agilidade e não queremos uma campanha para a agência ganhar prêmios, nossos prêmios são vidas que poderão ser poupadas da aids", afirma com veemência. Gustavo Bernardes, coordenador geral do SOMOS também tem alertado nas reuniões do Conselho Estadual de Saúde para a falta de prevenção no Estado. "Precisamos sensibilizar as populações mais vulneráveis, como os gays e outros homens que fazem sexo com homens, através de campanhas de massa, pois nossos grupos não atingem a todos e o Estado está perdendo essa possibilidade", lamenta.

Segundo Marcia Leão, do Fórum de ONG/Aids, no último dia 08 de junho, a Política de DST/Aids do Estado informou na reunião da comissão de DST/Aids do Estado que, devido ao atraso da agência de publicidade que presta serviços para a Secretaria de Saúde, o Estado optou pelo cancelamento da campanha do dia dos namorados, já que esta somente seria veiculada no dia dos namorados. "Esperamos que esses atrasos nas entregas das campanhas publicitárias seja corrigido com urgência, pois necessitamos incrementar ações de prevenção à aids no estado e esse problema parece crônico.", afirma. Bernardes salienta, ainda, que, "o que no Brasil não se investe em prevenção o Estado brasileiro acaba gastando em medicametnos", finaliza.

*Alexandre Böer Jornalista e Coord. Projetos SOMOS Comunicação, Saúde e Sexualidade

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