sábado, 17 de janeiro de 2009

Para ser professor, para ser professora

(Homenagem ao Dia do Professor)

É preciso muita paciência. E não é com os alunos, mas com a hipocrisia! Cansamos de ouvir que a educação é prioridade, que é a solução para todos os problemas, que foi com ela que o Japão tornou-se potência em tecnologia, que sua ausência e má qualidade é a causa do subdesenvolvimento brasileiro.

Todos têm opinião sobre a educação, escrevem artigos, dão palestras, expõem planos de governo: os economistas, os médicos, os advogados, os colunistas, os políticos. Muitos, sem ter noção do que acontece na sala de aula, no processo ensino-aprendizagem. Noção disto, pra quê? Basta aplicar testes nos alunos para ver se sabem. É como verificar uma produção de saias, de copos, de feijão. Estabelecer um ranking de qualidade, padronizar procedimentos, distribuir cartilhas, planos de trabalho, livros didáticos e tornar o professor um “dador de aulas” como afirma o doutor em educação Sérgio Haddad. E verificar o resultado depois.

É o gerencialismo tardio no Brasil, que vem da indústria, se espalha na educação, na saúde, na cultura. Trata-se de separar quem planeja de quem executa e, através de consultorias, e pelo ranquiamento, controlar o trabalho e o produto. Na contra-mão de nossa luta pela gestão democrática, por mais investimentos em educação, surge nova onda de enxugamento dos custos da educação, com controle externo do trabalho dos professores. Anula-se o professor como agente, como produtor de conhecimento, de cultura e ideologia. Retira-se da educação sua essência que é o processo de humanização, de construção de sujeitos, de diálogo e de garantia das diferenças.

É preciso muita luta. Pois mesmo o que é duramente conquistado como o Piso Nacional Profissional, é desrespeitado e combatido pelos governos de plantão. Os mesmos governos que fecham bibliotecas, retiram apoio pedagógico, deixam o professor sozinho com sua turma, sem horário de planejamento, sem grupo para refletir e aprimorar sua prática. É preciso luta, pois os espaços de trabalho estão cada vez mais empobrecidos, os recursos pedagógicos cada vez menores, o plano de carreira desrespeitado.

É preciso muito amor. Para suportar ser tão desrespeitado e mesmo assim atuar com criatividade, empenho, entusiasmo e respeito diante de cada aluno, seus pais, a comunidade. Para preparar suas aulas sabendo que sequer será perguntado sobre como será avaliado seu trabalho! É preciso coragem para ser professor e para ser professora! A eles e a elas, nossa homenagem!

Sofia Cavedon – vereadora PT

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