sábado, 17 de maio de 2008

Para incluir a escola deve mudar - Publicado no Correio do Povo (14/04)

Abril/2008
A primeira Conferência Nacional da Educação Básica, que reunirá delegados do Brasil inteiro na próxima semana em Brasília, terá o enorme desafio de repensar a escola básica brasileira a partir da construção do Sistema Nacional articulado de Educação – eixo norteador da conferência.

Um dos desafios é o avanço na inclusão dos alunos com deficiência. A inclusão real da diferença só acontecerá quando a escola pública como um todo romper com sua estrutura e seus mecanismos de padronização da aprendizagem, da lógica de seleção ao estabelecer conhecimentos finais para cada etapa. Ao tratar de forma igual os diferentes, a escola brasileira ainda tem hegemonicamente “selecionado” os aptos a partir de critérios externos, desconsiderando características e tempos individuais. Ao lado desta lógica, a estrutura empobrecida das escolas, a desvalorização e falta de formação dos professores e ainda a pouca oportunidade de espaços alternativos de apoio à aprendizagem, resultam em altos índices de reprovação e evasão escolar, além do baixo desempenho dos nossos estudantes ao serem submetidos às avaliações externas.

É assim que a inclusão nos leva a debater a escola pública brasileira e não simplesmente desmontar os espaços duramente conquistados pelas famílias e educadores das crianças com deficiência como as Escolas Especiais. Em Porto Alegre, elas são parte de um processo de rede que construiu mecanismos de promoção da inclusão com aprendizagem - tanto na Escola Regular quanto nas Especiais - com os Ciclos de Formação, as Turmas de Progressão, os Laboratórios de Aprendizagem, a Estimulação Precoce, as Salas de Integração e Recursos.

É, no mínimo, contraditório que o MEC proponha o fim das Escolas Especiais, e, ao mesmo tempo, “tensione” através de testes externos, o desempenho homogêneo de alunos correspondendo à determinada série ou ano. Neste modelo, só produziremos mais exclusão, pois a possibilidade de níveis diversos de conhecimento numa mesma turma é o que permite a inclusão de fato. Sem isto, eles voltarão a ser segregados nas antigas “classes especiais” ou reprovarão constantemente ficando com colegas de idade bem diversa da sua, despotencializados nas suas possibilidades de desenvolvimento.

Os delegados do Rio Grande do Sul levarão propostas que fazem o debate por inteiro, que vêm do protagonismo de educadores, pais e alunos. Eles sabem que o Brasil está mudando e precisa de uma escola de qualidade e para todos!

Sofia Cavedon – Vereadora/PT-Porto Alegre.

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