Derrotada diante da reação organizada dos trabalhadores e os sindicatos que os representam, deixou a emissora mais de um ano sem direção executiva. Convencida de que precisava cumprir a obrigação regimental prevista no Estatuto da Fundação Cultural Piratini, nomeou uma direção que, desde a sua indicação, vem protagonizando um conjunto de fatos que precisam ser denunciados à sociedade. Em todos os fatos, estão presentes o uso político da emissora em benefício do governo Yeda e a intolerância com todo e qualquer funcionário que discorde das orientações, que devem ser implementadas a qualquer custo.
Segue uma relação de acontecimentos que são exemplo dos desmandos político- partidários, que contrariam os artigos 3º, 6º e 9º do Estatuto e o Plano de Cargos e Salários.
2008
21 de outubro - antes mesmo da posse oficial, a direção determinou censura parcial da matéria sobre a saída de Mercedes Rodrigues da Secretaria da Transparência. Por orientação do Palácio Piratini, a direção afastou uma repórter da cobertura política que denunciou para a imprensa a interferência do Governo na Fundação.
23 de outubro - a direção da TVE tomou posse questionada pelo Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado, e só assumiu mediante liminar judicial. Desrespeitando os artigos 18º, 21º e 25º do Estatuto da TVE, o Governo do Estado ignorou a necessidade de submeter os nomes dos diretores ao Conselho Deliberativo da Fundação, com 25 membros indicados pela sociedade, exatamente para fiscalizar o cumprimento das normas.
24 a 27 de novembro - em meio à polêmica sobre a prorrogação dos contratos de pedágios, a nova direção obriga a realização da série “Pedágios”, para ressaltar os benefícios dos contratos na melhoria das estradas. Algumas matérias foram ao ar sem contraditório.
2009
07 de janeiro – por determinação do Palácio Piratini, a direção da TVE interrompeu a programação para transmitir, ao vivo, o anúncio saída de Aod Cunha Jr. da Secretaria da Fazenda.
21 de janeiro – o Palácio Piratini envia matéria sobre o programa de irrigação do governo, com boletim de passagem do repórter Claiton Fortunato, funcionário do Palácio, com direito a crédito da reportagem e microfone do governo. Matéria sem contraditório
17 de fevereiro – morte do ex-representante do governo do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante, merece apenas uma nota no jornal.
20 de fevereiro – a direção da TVE censura a divulgação da entrevista coletiva do PSOL sobre corrupção no governo Yeda, apesar de a notícia ser anunciada por todos os outros veículos de comunicação. Dias depois, o editor-chefe do Jornal da TVE foi comunicado de seu afastamento do cargo, para nomeação de um cargo de confiança - CC.
02 de março – transmissão ao vivo do anúncio de investimentos do governo
23 de março – convocação por parte do Comitê de Ação Solidária do governo do Estado de um repórter cinematográfico para cobrir um evento denominado Rua da Cidadania, em Lajeado
Novembro de 2008 a março de 2009 - contrariando o Plano de Cargos e Salários, funcionários em cargos de confiança (CCs) passaram a apresentar programas no lugar de servidores concursados. O próprio presidente, Ricardo Azeredo, assumiu o lugar da apresentadora do programa Frente a Frente. O diretor de Programação, Pedro Macedo, criou dois programas para ele mesmo apresentar: um diário na rádio (Cultura na Mesa), ao meio-dia, e outro de esportes na TV (TVE Esportes), veiculado às segundas-feiras, às 20h, com claro interesse de garantir visibilidade pessoal. Desde que Azeredo assumiu a apresentação do Frente a Frente, o programa se tornou uma assessoria de imprensa do governo do Estado e passou a entrevistar representantes do Executivo como Mariza Abreu, Ricardo Englert e Erik Camarano, entre outros secretários.
16 de abril – programa Frente a Frente, já com a apresentação de Ricardo Azeredo, entrevista a governadora Yeda Crusius, a pedido do Palácio Piratini.
Abril - a criadora, diretora e apresentadora do programa Pandorga foi afastada da apresentação depois que venceu uma ação judicial pedindo acúmulo de função que exercia há mais de 10 anos, numa clara e antidemocrática ação de represália.
Início de maio – exibida durante a programação, entra no ar a chamada do novo Jornal da TVE: “Um novo jeito de ver a notícia”, numa clara referência ao slogan “Um Novo Jeito de Governar” do Executivo gaúcho.
A TVE está ameaçada de despejo. Apesar dos esforços da Assembléia Legislativa, dos próprios servidores e do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), proprietária do prédio onde a TVE funciona, na Rua Correa Lima, 2118, o governo insiste em não concretizar a permuta da sede da Fundação, evitando assim gastos de aluguel com dinheiro público. Todos os fatos acima citados são de amplo conhecimento dos funcionários e são presenciados cotidianamente pelos telespectadores da TVE.
Todo este descalabro político e gerencial, pontuado pelo desrespeito às leis, censura e descaso aos princípios mais básicos do jornalismo isento e de qualidade, se torna ainda mais grave porque envolve assédio moral com perseguições pessoais a profissionais da emissora que mostram comportamento de resistência. Avaliando a necessidade urgente de estancar tais problemas, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul decidiu denunciar este conjunto de acontecimentos e, mais uma vez, reafirmar a necessidade de controle público sobre a Fundação.
Fonte: Sindicato dos Jornalistas do RS
Charge: Santiago
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