Porto Alegre, junho/2008
O Programa Boa Escola para Todos, longe de propor soluções, é um acinte a professores e comunidade, pois desconhece a realidade das escolas e suas condições precárias, centrando seu investimento nas avaliações externas, sem ofertar condições mínimas de trabalho, onde se garanta a formação em serviço continuada que possibilite a reflexão da prática, o estudo, a troca de experiências através de profissionais qualificados e o acesso a materiais pedagógicos. Aponta formação, mas como garantir desdobramento e continuidade se a escola não tem equipe pedagógica? É preciso investir em pessoal e não reduzir ao mínimo! Escola é boa para todos se tiver bibliotecas abertas, com bom acervo e muito utilizada! E a atual gestão está fazendo o inverso.
A SEC anuncia uma mudança de legislação do magistério. Quem a está elaborando? A lógica da premiação versus produtividade e atribuição de nota por desempenho não estimula qualidade e sim, consolida a situação da escola conforme seu contexto social. É preciso elevar de forma coletiva a qualidade da educação a partir da motivação e participação de todos na reflexão e construção do projeto pedagógico de cada escola.
De fato, uma das urgências da rede estadual é a necessidade de pesado investimento na estrutura material das escolas, reformas e reconstruções, equipamentos e segurança, e recursos para manutenção. São emblemáticas disto a condição do prédio do Instituto de Educação, e das Escolas Rafaela Remião/Lomba ou a Léa Rosa/Vila Mato Sampaio.
É preciso instalar processos transparentes e democráticos de decisão das prioridades de investimentos. As escolas não sabem quais os caminhos e critérios para a resolução de suas necessidades. Os diretores têm o direito de deixar de ser pedintes, de passar horas de espera na secretaria, de expedir milhares de ofícios, de mendigar parcerias submetendo-se a compromissos externos à rede pública de ensino em troca de recursos para ter condições de trabalho mínimas!
A escola será boa para todos se for democrática na sua gestão e na relação com a mantenedora. A desconfiança, suspeição que necessita de inspetoria – nas palavras da Secretária – em vez de parceria; as decisões apenas comunicadas e não construídas, não constituem clima de colaboração e construção coletiva e sim de revolta e resistência a mudanças.
Quem faz a escola boa é a própria escola e não existe saída se não for conquistada com investimento e respeito!
Sofia Cavedon – vereadora/PT
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