quinta-feira, 1 de junho de 2017

Com mais de um século de atividade pública, Companhia Carris vive dias dramáticos

COMISSÃO DE FUNCIONÁRIOS DA CIA CARRIS PORTO-ALEGRENSE
                                                                                                        
Porto Alegre, 30 de maio de 2017.
A Sua Excelência
Sr. Elizandro Sabino
Secretário Municipal de Urbanismo

CC:
Ilma Srª Helem Machado
Diretora-Presidente da Cia Carris

Assunto: A situação operacional da Carris e a sua relação com os Funcionários.
  
Prezados Senhores.

Ao cumprimentá-los, face ao enunciado em epígrafe, a Comissão Especial para Assuntos Sindicais da Companhia Carris Porto-alegrense – Coletivo de Empregados da Carris, fundada em 1997, traz ao Vosso conhecimento a preocupação do corpo funcional de nossa Empresa ante ao iminente colapso financeiro e operacional do principal ativo do município de Porto Alegre. A nossa preocupação emociona-se não somente no fato de ser uma empresa de grande porte e que possua relevante serviço à população, mas também por tratar-se de um patrimônio cultural, material e imaterial da Cidade.

Dessa forma, tomamos a liberdade de elevar a vosso conhecimento os elementos que seguem:

1. A Companhia Carris possui uma cultura de transparência, democracia e participação. Atitudes unilaterais, que conflitam com esta cultura tem tumultuado o cotidiano operacional e gerado um clima de desprestígio nunca antes visto. Somos mais de dois mil trabalhadores e trabalhadoras do transporte público; conhecedores do negócio transporte e parte interessada na recuperação da Carris. Cerrar portas e interditar o diálogo com os organismos de representação legitimamente constituídos, não parece adequado. A história não termina quando saímos, da mesma forma que ela não começa quando chegamos.
2. A Comissão de Funcionários, como já sinalizado anteriormente, é um organismo de representação. Histórica. Constituída pelo voto direto e livre dos empregados. Ao longo dessas duas décadas de existência cumpre um papel mediador entre as demandas cotidianas dos empregados da Carris e a sua direção. Tratamos daqueles temas mais urgentes da relação Capital X Trabalho, que por ventura não estejam contemplados na Convenção Coletiva da categoria; é importante dizer que o nosso patrão não senta na mesa da convenção – talvez essa seria a principal razão de sua existência.
3. Que se garanta a OS-21111-057. Nessas duas décadas sempre tivemos a compreensão, por parte da empresa, da relevância desse trabalho. Tanto é que no ano de 2009 a Diretoria Administrativa da empresa editou Ordem de Serviço regimentando e garantido a liberação de seus membros da sua jornada de trabalho, sem prejuízo às respectivas remunerações, por entender tratar-se de um serviço que prestamos.
4. Garantia de funcionamento do SIMC – O Serviço de melhoria da Carris é uma ouvidoria. É onde conseguimos minimizar com celeridade situações de desencontro de informações e/ou falta de alinhamento.
5. Um corpo gestor qualificado – temos observado que há um esforço da nova Direção da Companhia Carris em recolar a estatura administrativa que é própria de uma grande empresa, entretanto é nosso dever alertar que, ante as dificuldades operacionais, faz-se mister contar com o comprometimento de seu corpo funcional, gesto imprescindível na recuperação de um ativo desse porte.
6. Prevenção ao Assédio Moral –Dizemos isto porque as recentes medidas adotadas pela empresa conflitam com a tradição solidária e de transparência que é próprio de uma família. Família, essa é a maior definição para uma empresa que possui um corpo funcional experiente e longevo e que empenha dia-pós-dia o melhor de seus talentos na consecução do negócio transporte.
7. A revista de funcionários é incompatível com o negócio – ações como a revista de funcionários operacionais e da área técnica, na saída das instalações da empresa, não contribuem para outra finalidade senão o constrangimento de colegas para com os próprios colegas – atitude estranha em qualquer empresa que desenvolve a mesma atividade econômica nesta cidade.
8 ‘Programa Linha Direta’ (se assim podemos chama-lo) – O que está em discussão neste ponto, obviamente, não é a política de proximidade e/ou disposição do corpo diretivo em dialogar com os empregados. Mas também nos causa estranheza propor diálogo dessa forma ao mesmo tempo em que negligencia a mesma disposição em dialogar com a representação legitimamente constituída.
9. Requalificar e manter o Programa DNA – O momento é de re-prestigiar os funcionários, não somente da área de operações, mas de toda a empresa. Requalificar o Programa DNA é um importante recomeço. A Carris em seu todo é composta de muitas vozes e muitas faces, portanto uma infinidade de talentos a ser reconhecido.
10. Trabalhar para reduzir as dispensas por causa justa – elegemos o diálogo como ferramenta na recuperação da autoestima de muitos colegas; entendemos que é preferível as medidas pedagógicas do que qualquer ação punitiva, quando em questões de baixo teor ofensivo aos propósitos de nossa empresa.
11. Imediata contratação de um Serviço Social –  numa empresa com a vocação da Companhia Carris, existem lacunas que precisam ser supridas: urge a contratação de um profissional de Serviço Social. É aqui que passamos a maior parte de nossos dias, portanto é preciso um olhar de atenção quando sentimos uma mudança de comportamento e/ou perda de rendimento por parte de um funcionário que há um tempo considerável está em atividade na empresa. É preciso conhecer para respeitar e recuperar para não punir.
12. Adotar o instrumento da sindicância –  Todos, antes de sermos profissionais, somos humanos. E mesmo na condição de profissionais erramos e estamos suscetíveis a deslizes, mas é preciso que se garanta a cada um, e a cada caso, o direito de auto e ampla defesa. O contraditório precisa ser assegurado. É assustador o número de desligamentos por ‘causa justa’ na Companhia Carris Porto-alegrense; mais assustador ainda são as reintegrações pela justiça do trabalho por procedimentos de averiguação malconduzidos, por vezes por gestores pouco preparados, que na ânsia de resolver e causar o menor impacto optam por esta saída que, sob dúvida alguma, onera a companhia. É preciso um corpo de gestão mais atenta, mais flexível e qualificada.
13. Cumprir o Acordo Coletivo do Prêmio 2016 – ainda não foram julgados os recursos do prêmio 2016. É preciso celeridade na consecução dos recursos e imediato pagamento dos valores.
14. Manutenção do Prêmio nos termos da Lei Federal 10101/2000.   É preciso que se recupere a situação fiscal e de contas da Companhia, mas isso não pode ser sinônimo de retirada de direitos.
15. Manutenção do pagamento da Gratificação de Natal – é preciso que se garanta a todos os funcionários ativos na folha em 20/12/2017 um vale em cartão green card no valor de R$130,00 + a correção do percentual do dissídio da Categoria.
16. É preciso que se observe o Acordo coletivo da Categoria Rodoviária – nesse ponto é preciso que se observe principalmente o que lá dispõe sobre as sanções por câmeras.
17. É hora de recolocar o debate da jornada de trabalho – essa é uma ferramenta de garantia de emprego e de produtividade.
18. Revisar o Contrato de Plano de Saúde – Há um pedido de informação desta comissão de funcionários, encaminhado pela Vereadora Sofia ao Senhor Prefeito, ainda sem resposta, pedindo informações. Tememos pela legalidade dos termos do contrato. É preciso que se licite um plano para nossa empresa.
19. Por fim elevamos a necessidade de que se reponha o dia 28/04 – trata-se, portanto de GREVE GERAL convocada pelas centrais sindicais e os trabalhadores, independentemente de sua vontade não tinham como deslocar-se.

Sendo o que havia para o momento, subscrevemos.
 Marco Aurélio Conceição - Presidente
Cristiano Soares - Secretário

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