quinta-feira, 25 de abril de 2013

De Santa Maria, lições para a escola

Em permanente debate, escrever sobre a educação sempre nos leva a tentação de escrever sobre resultados, condições de trabalho, salário dos professores. Mas será que podemos iniciar assim um ano que começou com a trágica morte de duzentos e quarenta e um jovens universitários, no momento auge de seu itinerário educativo, de sua juventude e energia, de seus amores e tessitura social?
            
O que evidencia aquele terrível episódio? No mínimo, a irresponsabilidade com que tratamos as políticas públicas que atendem jovens, crianças, adolescentes: adultos acostumados à política do jeitinho, à frouxidão na aplicação das leis, à falta de seriedade com as responsabilidades, ao jogo de empurra que justifica tudo, não explica e não resolve.
             
A dor daquelas famílias, o luto de um estado inteiro, a comoção que correu o mundo, a nossa sensação de espanto e inconformidade, não podem ir cessando aos poucos. Elas precisam se transformar em ações que impactem nossa cultura, nossa formação, para além da fiscalização e do planejamento sério das políticas públicas.     
            
A escola não pode tudo, mas pode muito, afinal quase todos os adultos que cuidam da vida passaram pela escola e agora a grande maioria das crianças a frequentam diariamente e quiçá, grande parte dos adolescentes e jovens.
            
As mortes, causadas pelo modo como nos portamos não nos dá uma pista de que a forma de ser é tão ou mais importante que o conteúdo?  E que o conteúdo – a produção daquele gás fatal, na química, por exemplo – faz sentido se não o apartamos da vida, se for instrumento para compreendê-la?
            
Se acrescentarmos ao descaso de gestores e donos de empreendimentos – evidenciados nas fiscalizações desencadeadas a partir da dor de Santa Maria - a agressividade cotidiana no trânsito, nas relações, o descompromisso com o lixo, o desperdício de água, a impaciência com a infância, com a diferença, a opressão da mulher... Uma pergunta se impõe: quem somos nós, se a vida não é importante?
            
Aprender a se importar, a medir as palavras para não magoar, os atos para não ferir, o orgulho para não humilhar, aprender o cuidado com a natureza, a escolher o alimento para não adoecer, aprender a dialogar correndo o risco de mudar, a participar, decidir coletivamente e respeitar o decidido - tem que ter lugar na escola – porque dá conta dos sujeitos que nos tornamos!
            
Se estes forem os méritos identificados na escola, fará sentido ter competência para passar em testes, ganhar concursos, entrar na Universidade, comprar um carro, ganhar eleições – pois isto acontece na vida, que então conseguiremos proteger!

Sofia CavedonVereadora do PT da Capital

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