segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Reinventando o Parlamento

Inicia o segundo semestre do ano em que o Legislativo da Capital se propôs a trabalhar para Transformar as Leis em Direitos. Objetivo complexo, que nos exigiu sairmos mais dos debates e votações para a mobilização de mudanças na cidade. Que nos exigiu reinventar a forma de atuar de parlamento, na mediação da previsão legal com os direitos realizados.

O jeito tradicional de responder às pautas da população - reunião com os demandantes, reunião com os órgãos envolvidos, pedidos de providência - vinha se mostrado insuficiente. Pautam o tema, porém quase sempre se seguem esperas, novas reuniões, população sem respostas, a Câmara desacreditada.

Neste esforço de reinvenção, a Câmara se pôs a caminhar pela cidade, olhando-a através dos olhos, relatos, sentimentos dos cidadãos. Pisando no chão que eles pisam, entrando em suas casas, pegando poeira, barro e frio, pisando no lodo, nas calçadas irregulares, nos espaços exíguos, constatando o lixo e os ratos em abundância, o emaranhado dos fios de luz, sobrepostos desordenada e perigosamente, constatando a água inadequada para consumo, as moradias precárias, que mal abrigam da chuva e do frio, alagadas periodicamente, pequenas para a família que se estende e não tem como mudar.

Ouvimos as ideias, iniciativas, soluções nascidas da mobilização, da reflexão coletiva, da análise crítica das políticas públicas, que só quem as vive pode fazer. Assim, problemas que conhecíamos, passamos a compreender. Que a terceirização da coleta de lixo nas vilas, por exemplo, vem induzindo a criação de focos de lixo; que o atraso de programas importantes como o PISA – Programa Integrado Sócio Ambiental e o PIEC – Programa Integrado da Entrada da Cidade - que urbanizariam áreas onde vivem as famílias, talvez nas piores condições da cidade, agravou ainda mais seus problemas. Que a proliferação de resíduos da construção civil em lugares inadequados e o alagamento de moradias perto dos cursos de água, se devem a uma crise na destinação daqueles resíduos e do material que seria retirado das valas e arroios: não há espaço nem políticas de reciclagem!   

Fomos aprendendo e já produzindo mudanças ao olhar a realidade, à semelhança da “pesquisa participante” do meio acadêmico. Mudanças em quem pesquisa e em quem é pesquisado. Em quem demanda e em quem é demandado. Conhecimento novo sai dali, ao acontecer o diálogo entre o técnico, o saber popular e o agente político. E o compromisso de todos com as mudanças!

Fazendo o “caminho ao andar” seguiremos ombro a ombro com os cidadãos, empoderando sua cidadania e aprendendo com ela a construir direitos.

Vereadora Sofia Cavedon (PT)
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre


08 de agosto de 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário