quarta-feira, 1 de junho de 2011

Educadores Populares na Universidade

Eles são quase dois mil, atuam diretamente na educação, proteção e cuidado de crianças, adolescentes, jovens e adultos na rede comunitária de nossa cidade. São, na sua maioria, mulheres e negras, recebem baixos salários e vem há mais de uma década construindo, ampliando e qualificando, ao lado de suas instituições, convênios da sociedade civil com a prefeitura que atendem hoje mais de cinqüenta mil daqueles pequenos e vulneráveis cidadãos.

Há pouco mais de uma década, este atendimento era muito menor, mantido por trabalho voluntário e pelas comunidades já tão carentes. No intenso período de participação popular direta na produção das políticas públicas através do Orçamento Participativo, das Conferências Municipais, do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, da Assistência social e da Educação, Porto Alegre viveu a gestão coletiva do Convênio Creches Comunitárias, do Serviço de Apoio Sócio-Educativo (Extra-Classe para crianças de 7 a 14 anos), do Trabalho Educativo para Jovens, dos Abrigos e Casas de Passagem e do Movimento de Alfabetização de Adultos - MOVA. Programas que constituem, ao lado das redes públicas de escolas e assistenciais, fundamentais espaços e instrumentos para a consecução do ECA e das novas Legislações da Educação, especialmente as da Educação Infantil.

Atores centrais nesta caminhada, os educadores populares tinham na sua grande maioria, quiçá, o Ensino Fundamental. E foram eles, organizados na AEPPA – Associação dos Educadores Populares de Porto Alegre – que pautaram a necessidade da formação e traçaram o percurso que os levaria de “tias” a professoras. Com muita luta, até com greve, no diálogo e na pressão arrancaram os cursos de formação na modalidade Normal nas duas escolas de Ensino Médio municipais; protagonizaram - então professoras formadas - um novo curso na recém criada UERGS – de Pedagogia cuja forma e conteúdo privilegiava a Educação Popular. Era 2002 e pela primeira vez se abriam as portas da formação superior a estes educadores, sempre discriminados pelas duras condições de vida e pelo “gargalo” do vestibular nas competitivas Universidades Públicas ou pelos custos das privadas.

A UERGS com o governo Rigotto fecha as portas para novos ingressos e é o PRÓ-UNI do Governo Federal abre as portas das Universidades Particulares. O IPA – Instituto Porto Alegre, a PUC – Pontifície Universidade Católica e o Instituto Superior do Sévigné aceitaram o desafio e acolheram esta causa. Serão, em março deste ano, mais de trezentos Educadores Populares na Universidade.

Mais do que eles, as crianças, adolescentes, jovens e adultos analfabetos começam a se beneficiar de uma nova qualidade na intervenção destes profissionais! Mais do que eles, estas Universidades experimentarão a cidadania ativa e comprometida dos educadores, verão o conhecimento transformando a prática e a prática produzindo novos conhecimentos e sentirão orgulho de estarem transformando vidas!

Sofia Cavedon – Vereadora de Porto Alegre

01 de junho de 2011.



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