quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Precisamos melhorar juntos!

Olhada de cima, afastada dos barulhos, das falas, dos odores da sua gente, a cidade se mostra exuberante, sincronizada, equilibrada - entre morros e verde, construções e água. Parece dominável, previsível, apesar de inquieta e sestrosa. Parece, lá do alto, que ela não precisa de governo, anda sozinha, autônoma e inteligente.
           
Apurado o olho, aberto pelo conhecimento atento de quem passa o dia lhe analisando - seja o repórter cuidando do trânsito, seja o gestor que o monitora, ajusta, repensa, Porto Alegre se mostra em mutação, insuficiente sozinha, exigente de mediações, intervenções, cuidado, soluções criativas.
           
Andando nas comunidades mais pobres, a cidade se mostra na dureza da vida de quem não tem recursos: muitos rostos, corpos e sonhos convivem com lixo, ratos, esgoto, água irregular, luz fraca, falta de perspectiva, violência. Ali não precisa apurar o olho, basta chegar e a realidade salta, se desnuda. Ali, as deficiências da política pública são mais dramáticas, mas vão atingir de uma maneira ou de outra, a cidade mais organizada, as gentes mais aquinhoadas.
           
É assim a trajetória do lixo: da “sanga” circundada por moradias em risco às calçadas onde andam os mais finos sapatos: derramado, misturado, juntando moscas, boiando no Dilúvio, entupindo as bocas de lobo. Jogando na nossa cara que consumimos mais, descartamos mais ainda não sabemos o que fazer com isto! As chuvaradas expuseram mais uma vez que, sem mudanças, não haverá orçamento e nem pessoal que consiga vencer o colapso que nós mesmos produzimos!
           
Muitos já enxergam, denunciam, ligam, publicam sua indignação! De seus representantes esperam a ativação da consciência coletiva e a eficiência do serviço. Precisamos mudar o modelo e a cultura. E só acontecerá  no diálogo permanente com os cidadãos, na educação ambiental desde a escola, a rua, o bairro e na transparência, eficiência e criatividade da política pública!
           
Precisamos melhorar juntos: a cidade e seu governo. Por que não transformar o lixo orgânico em energia, o resto de galhos e folhas em composto orgânico? Por que não, o monitoramento em tempo real da coleta do lixo, do deslocamento dos ônibus, da tramitação de demandas, estar disponível para o acompanhamento do cidadão em qualquer computador, num portal de transparência dos serviços da cidade? 
           
A cidadania de Porto Alegre está pronta para isto, aliás, está exigindo. Aqui não se é só de reclamar, as pessoas aprenderam a participar. Seu Astélio, da Associação de Moradores do Bairro Ipanema e Seu Luis da Vila São Pedro, a Josina da Escola Aberta, a Tamar da Creche GEMAES, o Juramar da Associação dos Ilheiros Ecológicos, a Anita da Vila Pelin, o Nego Caio e Summer DJ da Bom Jesus, todos estes e milhares que poderiam ser listados, tomam iniciativas, organizam a comunidade, propõem parcerias, querem cuidar do seu lugar e de sua gente. Mas precisam de respostas e construção conjunta com seu governo!
           
Junto com a COPA, o CAIS e suas grandes novidades, Porto Alegre quer soluções para as questões básicas para a qualidade de vida de quem aqui vive, consciente que participa dos destinos da vida do planeta! Para isto, a cada real investido em cimento, precisamos de, no mínimo dez investidos em educação e cultura!
             
Nós, que já influenciamos o mundo com o Orçamento Participativo, reinventando a democracia, podemos ser ousados e mostrar que outra vida nas cidades é possível: sustentável, de qualidade, segura e saudável para todos!  

Vereadora Sofia Cavedon
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre


19 de janeiro de 2011

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