quarta-feira, 20 de maio de 2009

IX Conferência Municipal da DS - Carta aos companheiros e companheiras

IX Conferência Municipal da Democracia Socialista
Carta de Sofia Cavedon - Maio de 2009


O período que atravessamos é de muita turbulência para o capitalismo mundial. A crise financeira é mais profunda do que admite a mídia mundial, porque além de se estender ao centro capitalista, revela a falência das políticas neoliberais, a autofagia da dinâmica financeira, a abstração das teorias do livre mercado e a insustentabilidade da dinâmica consumista e produtivista. São grandes os desafios abertos para a esquerda socialista, ainda mais por advir de um período de recuo programático. No Brasil e na América Latina a luta política impôs derrotas ao neoliberalismo, antes mesmo desta nova crise mundial, mas por reação às conseqüências dramáticas deste sistema em que avanço tecnológico e desenvolvimento continuam produzindo miséria, fome, violência para a maioria da população. É neste cenário que os desafios para os socialistas e para o PT se redobram.

Os avanços do governo Lula no segundo mandato precisam ser consolidados e aprofundar a inclusão para produzir desenvolvimento. A transferência de renda pelo estado para quem sempre foi alijado, em quantidades realmente significativas, a valorização do salário mínimo acima da inflação já produzindo movimentação na escala social, são exemplos do potencial do estado para produzir mudanças neste sentido. No entanto, estamos longe da superação da profunda concentração de renda, terras e poder no país. As medidas sociais aplicadas por nosso governo continuam no marco da estruturação capitalista, profundamente desigual.

Produzimos à frente do País, por opção política de governo, movimentos de participação nunca antes experimentados pela população brasileira, a na definição das políticas públicas nacionais - através especialmente de conferências. No entanto, as questões estratégicas e definidoras da sua qualidade de vida e do caráter do Estado, ainda estão na mão do jogo do Congresso Nacional, cuja formação corresponde a um sistema político corrompido e de mandatos privatizados. E cuja moral - está cada vez mais nítido - não o credencia para tais definições. Uma reforma política realizada por tal correlação de forças, não fará a real mudança que anseiam os trabalhadores: democracia e cidadania substantivas. Por isso, o movimento popular com referência no socialismo precisa consolidar avanços importantes em direção a uma nova hegemonia. E o Partido dos Trabalhadores precisa recuperar a capacidade programática e organizativa.

O PT do Rio Grande do Sul enfrenta aqui o modelo de estado mínimo, de retirada de direitos, de priorização do agro-negócio e da monocultura, a criminalização dos movimentos sociais, autoritarismo e ajuste fiscal pela redução de investimentos em áreas fundamentais para a dignidade humana, sustentado pela mídia e poder econômico num esquema de corrupção sem precedentes! Derrotar este projeto coordenado pelo PSDB e sustentado por um leque de partidos entre os quais está o PMDB, exige unidade partidária e clareza de projeto.

Neste sentido, a Democracia Socialista jogou esforços para construir um calendário que defina a candidatura majoritária às eleições de 2010 ainda neste ano e sem prévias que esgacem as relações internas. O calendário e método construídos consensualmente visam à construção de um programa e alianças sociais que dêem conta dos novos desafios para os avanços democráticos necessários à maioria da população gaúcha. É também um esforço de construção de unidade partidária para a concretização da vitória de um projeto de esquerda no Rio grande.

Lamentavelmente, a maioria da direção nacional do PT desrespeitou este esforço manifestando-se nos jornais locais sem nenhum debate com a direção estadual do partido, apontando a necessidade de uma aliança com o PMDB, desafiando e agredindo o pré-candidato Tarso Genro, atingindo não o companheiro, mas o patrimônio simbólico do nosso partido. A decisão do Diretório Nacional de remeter a definição dos candidatos e alianças estaduais a fevereiro, quando da decisão nacional, já construiu uma mediação com os processos estaduais.

Em nosso Encontro Estadual, vamos defender nosso processo partidário, a construção coletiva de um programa transformador e representativo dos anseios da nossa base popular, preparando uma grande mobilização para conquista de um novo mandato do PT na presidência da república e a retomada do Governo do Estado.

O Movimento da Mensagem ao Partido tem sido capaz de oxigenar a direção partidária e recolocar os desafios organizativos para uma reconstrução socialista do PT e, neste sentido, temos encontrado muito proximidade com o Companheiro Tarso Genro. Reconhecemos nele a coragem para enfrentar conosco a necessária retomada do funcionamento orgânico e democrático do PT, a disputa de mecanismos de controle da ação dos dirigentes, a luta por uma reforma política democrática. Reconhecemos nele a liderança de políticas públicas de fato inclusivas, ousadas e transformadoras como é a retomada dos investimentos no Ensino Superior Público, a ampliação de vagas através do Pró-uni, as políticas de segurança, a firmeza ao defender um sistema carcerário público. Todas políticas no marco da revolução democrática que sonhamos engendrar para o Brasil.

Com estas referências, Tarso é o companheiro com o qual estamos trabalhando para viabilizar uma candidatura que tenha força social e capacidade real de disputar as próximas eleições, porque não temos dúvida de que cabe ao PT o protagonismo político no estado. Tarso Genro reúne fortalece a capacidade dirigente de nosso partido junto a amplos setores sociais, atualizando um programa que construa o caminho de uma revolução democrática.

O apoio à Ministra Dilma Roussef para disputar a presidência da república já é posição de nossa tendência acumulada em Reunião Nacional da Coordenação e também acúmulo da Mensagem ao Partido em seminário representativo realizado no Rio de Janeiro, 22 de março de 2009: “a capacidade de nosso partido em realizar a renovação da esperança e da confiança do povo brasileiro em nosso projeto, será indispensável ao aprofundamento da Revolução Democrática e à vitória das forcas populares nas próximas eleições presidenciais”.

Para fortalecer um futuro governo Dilma, que avance na transformação social, na construção de um Brasil menos desigual, mais inclusivo e mais democrático, precisamos reconquistar a capacidade de governar o Rio Grande do Sul com um programa ousado, que dialogue com as demandas dos movimentos social e sindical e que reafirme o PT como protagonista de uma nova história para nosso estado.

Preparemo-nos fazendo um forte processo de Conferência Interna da Democracia Socialista, que aglutine em torno de uma boa análise da conjuntura e do aprofundamento programático, nossos militantes para construir vitórias socialistas e democráticas para o próximo período.

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