O terceiro encontro do Ciclo de Debates Inclusão Escolar: Práticas e Teorias, promovido pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre, realizado na noite desta quarta-feira (17/9), no Plenário Otávio Rocha, abordou os Desafios do Processo de Inclusão Escolar: Assessorias. Coordenado pela presidente da Cece, Sofia Cavedon (PT), o evento reuniu representantes da Secretaria Municipal da Educação (Smed), diretores, professores, funcionários e familiares de alunos das escolas especiais.
A professora Viviane Loss, da área de educação especial da Smed, disse que a equipe de assessoria está consolidada dentro da secretaria e têm construído suas políticas públicas em parceria com as escolas, os professores e parentes dos alunos. Viviane afirmou que a assessoria em educação especial precisa trabalhar articulada com outras secretarias do município para uma ação multidisciplinar. Também informou que a Smed está inaugurando vídeos institucionais que destacam a importância da inclusão de alunos especiais a partir de um atendimento de qualidade nas escolas.
A psicóloga Mara Lago, integrante da assessoria em educação especial da Smed, listou desafios a serem enfrentados pela secretaria. Segundo ela, as quatro escolas especiais da rede municipal não dão conta da grande demanda crescente. Mara também citou como meta o entrosamento de uma rede multidisciplinar, que envolve saúde, justiça, assistência social e famílias. Conforme a psicóloga, há dificuldade ainda na falta de acessibilidade em muitas escolas especiais e regulares, problema que depende de recursos. Outro desafio é o crescente número de casos de transtorno de conduta, que têm solicitado a intervenção dos especialistas das assessorias de educação especial. A assessoria da Smed nessa área, de acordo com Mara, dá-se, basicamente, pelo acompanhamento multidisciplinar e com a realização de reuniões mensais com professores, funcionários e familiares de alunos.
A vice-diretora da Escola Estadual Especial Cristo Redentor, Carla Under, defendeu a existência das escolas especiais como fundamentais para a inclusão de crianças e adolescentes com necessidades especiais. "A escola especial é inclusiva", disse. Segundo ela, muitos alunos que estavam à margem da sociedade, em clínicas, sem escolaridade, têm a oportunidade de crescer em uma escola especial. Ela salientou que é inaceitável a organização de turmas por desenvolvimento em pleno século 21. Em sua exposição ela aponta, entre outras, a necessidade de sistema educacional diferente, mudança na forma de compor as turmas (idade cronológica e parcerias), e adaptações curriculares. Porém, ressaltou Carla, é preciso respeitar o direito das famílias de decidirem se querem matricular seus filhos em uma escola regular ou especial. "O importante é que os alunos se sintam acolhidos, com qualidade", disse. Carla lembrou que a escola especial do passado é muito diferente da atual, pois adota propostas pedagógicas que favorecem as trocas e a cooperação entre alunos e tem currículos adaptados.
Carla Under finalizou dizendo: “O processo de inclusão de alunos com deficiência mental nas classes regulares é possível quando se acredita no potencial humano, na alegria que a diferença pode significar entre as pessoas, na capacidade que cada um de nós sempre tem de aprender e de ensinar. Por isso mesmo, é essencial compreender que não existem pessoas melhores ou piores, mais inteligentes ou destituídas de cognição. Sabe-se que a perfeição, simplesmente, não existe. Existem, sim, pessoas diferentes. Somente diferentes”.
Ciclo de Debates Inclusão Escolar: Práticas e Teorias tem o apoio do Fórum pela Inclusão Escolas e da Associação dos Trabalhadores do Município de Porto Alegre (Atempa). Os próximos encontros ocorrerão no dia 22 de outubro e 12 de novembro, sempre no Plenário Otávio Roca da Câmara de Vereadores.
Fonte: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)/CMPA
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